Os bastidores do movimento da Suno assumindo um fundo de ações da Mauá

Tradicional gestora está saindo do segmento, enquanto novo player, que nasceu de firma de análises, assume portfólio de R$ 47 milhões

Bloomberg Línea
14 de Dezembro, 2021 | 07:01 AM

A Suno Asset vai assumir a gestão do fundo Mauá Capital Ações FIC FIA, que tem R$ 47 milhões em portfólio e cerca de 9 mil cotistas. A decisão ainda depende de assembleia que deve ocorrer no próximo dia 31 de dezembro. O valor da transação não foi divulgado.

O movimento acontece porque a Mauá Capital, de Luiz Fernando Figueiredo, uma das mais tradicionais gestoras de recursos de São Paulo, decidiu encerrar seus fundos multimercado, macro e de ações, após perdas nos últimos anos. A Mauá decidiu se concentrar na gestão de fundos de investimentos estruturados (imobiliários, FDICs).

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A Suno Asset foi criada em 2020. É o braço do grupo Suno, mais conhecido pela Suno Research, casa de análises fundada em 2017. A gestora já opera com dois FIIs (fundos de investimento imobiliário), um fundo de ações (lançado em julho desse ano) e um segmento de wealth management, com cerca de 250 clientes. Ao todo, a empresa tem em custódia R$ 700 milhões.

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Com a operação do fundo criado pela Mauá, a empresa vai dobrar de tamanho na área de fundos de ações e oferece outras sinergias, disse à Bloomberg Línea, Vitor Duarte, o chefe da área de investimentos da Suno Asset.

Uma dessas sinergias é a presença do fundo do Mauá em 22 plataformas de investimentos – quando a Suno lançou seu primeiro fundo de ações, o produto foi negociado primeiro na plataforma do Banco Inter e agora está em apenas quatro brokers online.

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“O racional é que são 9 mil cotistas que vão ter oportunidade de conhecer nosso trabalho. É um fundo que não tem nenhum problema, com ativos superlíquidos e que está em 22 plataformas”, explica Duarte.

Por uma questão de riscos, o Mauá Capital Ações tem uma posição importante em BOVA11, ativo que tenta replicar os resultados do Ibovespa. Segundo Duarte, a nova gestão deve focar em ações visando superar o benchmark do mercado.

2021 foi um ano de encolhimento para a indústria de fundos de ações no país em virtude do desempenho errático do Ibovespa e da alta de juros, que tornou a renda fixa mais atraente para muitos investidores.

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Graciliano Rocha

Editor da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela UFMS. Foi correspondente internacional (2012-2015), cobriu Operação Lava Jato e foi um dos vencedores do Prêmio Petrobras de Jornalismo em 2018. É autor do livro "Irmã Dulce, a Santa dos Pobres" (Planeta), que figurou nas principais listas de best-sellers em 2019.