Política monetária: Fed se posiciona para ganhar agilidade em 2022

BC dos EUA terá maior disposição para subir juros mais rápido do que o esperado se a inflação persistir

Fed se posiciona para ter mais agilidade ao lidar contra inflação
Por Craig Torres
06 de Dezembro, 2021 | 03:38 PM

Bloomberg — A virada do presidente do banco central dos EUA em direção a uma retirada mais acelerada de estímulos deixará a instituição mais ágil em 2022. O Federal Reserve terá maior disposição para subir os juros mais rápido do que o esperado se a inflação persistir — ou para frear seus planos se a pandemia se agravar.

Jerome Powell foi recentemente escolhido para ficar mais quatro anos na presidência do Fed. A movimentação dele é uma reação a dados econômicos que pegaram as autoridades de surpresa, incluindo sinais de que a inflação está se espalhando e que a oferta de mão de obra ainda é limitada, apesar da queda do desemprego.

Os investidores podem esperar que o Fed intensifique a comunicação sobre a evolução das perspectivas para o emprego e a inflação, reforçando a flexibilidade diante das incertezas sobre a pandemia e novas variantes do coronavírus. A normalização extremamente gradual que marcou a retirada de estímulos pelo Fed após a crise financeira de 2008-2009 não é um modelo para a equipe atual, que enfrenta algo não visto em décadas: crescimento econômico acelerado e preços em alta.

“Eles estão mudando”, disse Anna Wong, economista-chefe para os EUA da Bloomberg Economics, que já integrou o conselho do Fed. “O que vemos é maior peso atribuído à parte discricionária da formulação de políticas públicas, considerando os grandes erros de previsão da inflação.”

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Powell disse a parlamentares na semana passada que chegou a hora de “aposentar” a descrição da alta da inflação como “transitória”, que perdurou durante a maior parte de 2021 e permitiu que o Fed continuasse distribuindo estímulos, mesmo enquanto alguns defendiam um recuo diante da alta da inflação.

Durante as audiências, o comandante do BC ouviu queixas de ambos os partidos dos EUA sobre o estrago causado pelos preços altos. Na ocasião, ele também disse que as autoridades vão usar a reunião marcada para os dias 14 e 15 de dezembro para considerar o encerramento do programa de compra de ativos alguns meses antes do planejado, em meados de 2022. Também serão divulgadas novas previsões para os juros. Em setembro, as autoridades estavam divididas sobre um aperto das taxas no ano que vem.

A virada da política monetária tem sido amplamente sinalizada. E logo antes da reunião, alguns analistas já sobem suas projeções para os juros no próximo ano.

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“Estamos avançando para um cenário básico de três aumentos em 2022, com acréscimos de 0,25 ponto percentual em junho, setembro e dezembro”, afirmou um relatório da Evercore ISI distribuído na sexta-feira.

Essa trajetória talvez dependa do impacto da variante Ômicron do coronavírus. Em um relatório de fim de semana, economistas do Goldman Sachs Group cortaram as projeções para a economia dos EUA este ano e no próximo, concluindo que a propagação dessa mutação representa pressão negativa “modesta” sobre o crescimento.

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