Pfizer: Conheça os detalhes da distribuição da pílula contra Covid na AL

Carlos Murillo, presidente da multinacional, disse à Bloomberg Línea que o Paxlovid está sendo testado em quatro países

Carlos Murillo, presidente de Pfizer para América Latina
30 de Novembro, 2021 | 11:32 AM

Uma das grandes apostas da Pfizer é seu candidato a antiviral oral ou a pílula Paxlovid para reduzir significativamente a hospitalização e o óbito de pacientes com alto risco de sofrer de Covid. A multinacional já encaminhou os dados ao regulador Food and Drug Administration dos Estados Unidos (FDA) para solicitar autorização para uso emergencial precisamente um ano após a primeira pessoa vacinada com o imunizante da Pfizer, e a previsão é de que a aprovação ocorra antes do final de 2021.

É importante lembrar que há várias empresas farmacêuticas trabalhando em comprimidos e tratamentos contra a Covid. Na corrida pelo antiviral oral está também a Merck, que solicitou aprovação em outubro passado e, justamente na semana passada verificou-se que este medicamento reduzia em 30% a hospitalização ou a morte de adultos com manifestação leve ou moderada da doença – índice inferior ao prometido pela Paxlovid, que, pelo menos em estudos, é de 89%.

Carlos Murillo, presidente da Pfizer Latam, falou à Bloomberg Línea sobre a possibilidade de aprovação da pílula nas próximas semanas, quando chegará à América Latina e como, levando em consideração as grandes diferenças na distribuição dessas drogas na região. Ele afirmou que os testes já foram feitos em quatro países da América Latina e que está negociando com os governos, além de falar sobre a aliança com o Medicines Patent Pool (organização com foco em ampliar o acesso a medicamentos) para que, por meio dessa entidade, os fabricantes possam obter sublicenças do produto.

Como anda o processo do antiviral oral contra Covid?

Estamos muito satisfeitos com as notícias recentes sobre este novo candidato a antiviral oral da Pfizer, que reduziu o risco de hospitalização ou morte em 89%, segundo análise provisória do estudo de fase 2/3. Quatro países latino-americanos fazem parte dos estudos clínicos desse tratamento: Argentina, Brasil, Colômbia e México.

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Desde o início da pandemia, sabíamos que seriam necessárias várias opções de tratamento e medidas preventivas para superar os desafios que nossas comunidades enfrentam. Precisamos de tratamentos para os que estão infectados e podem estar em maior risco de desenvolver Covid grave ou ser hospitalizados.

Deixe-me dizer que a Pfizer e o Medicines Patent Pool (MPP) assinaram recentemente um acordo de licenciamento para este candidato a antiviral para ampliar o acesso em países de baixa e média renda. Este acordo tem como base a estratégia global da Pfizer para acesso equitativo a vacinas e tratamentos contra Covid para todas as pessoas, principalmente as que vivem nas partes mais pobres do mundo. O acordo permitirá que os sublicenciados forneçam a países que representam aproximadamente 53% da população mundial.

“A Pfizer e o Medicines Patent Pool (MPP) assinaram recentemente um acordo de licenciamento para este candidato a antiviral para ampliar o acesso em países de baixa e média renda (…) Atualmente, prevemos a produção de mais de 180 mil caixas até o fim de 2021, com, no mínimo, 50 milhões de caixas até o fim de 2022”

Quando o medicamento estará disponível na América Latina?

A disponibilização do composto antiviral está sujeita à respectiva aprovação de diferentes reguladores do mundo e à decisão de aquisição por parte das autoridades sanitárias de cada país. Por enquanto, os dados foram enviados à Food and Drug Administration dos Estados Unidos (FDA).

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Como será o processo de distribuição? Instituições privadas poderão adquirir o medicamento?

Continuaremos trabalhando junto com os governos para garantir o atendimento às suas necessidades. Já iniciamos conversas em vários países do mundo, incluindo os de nossa região. Menciono também que o MPP abriu seu processo de Manifestação de Interesse convidando os fabricantes a solicitar um sublicenciamento.

Nossa empresa investiu aproximadamente US$ 1 bilhão em capital de risco na fabricação deste possível candidato a antiviral oral contra Covid com o objetivo de que os tratamentos se disponibilizem o mais rápido possível, dependendo de sua aprovação ou autorização. Atualmente, prevemos a produção de mais de 180 mil caixas até o fim de 2021, com, no mínimo, 50 milhões de caixas até o fim de 2022.

Para tanto, a Pfizer está aproveitando três de suas principais fábricas na Europa e sua extensa rede de fornecedores para atender à demanda por seu candidato a antiviral oral contra Covid caso seja aprovado ou licenciado. Por sua vez, a estratégia da cadeia de abastecimento da Pfizer continua evoluindo, avaliando os gargalos de abastecimento adicionais para componentes essenciais relacionados ao abastecimento seguro.

Após quase um ano do início da vacinação, qual é o balanço de como a Pfizer América Latina distribuiu suas vacinas contra Covid?

Estamos muito orgulhosos do que conquistamos. Acho que o resultado foi positivo. A Pfizer demonstrou um forte compromisso em trabalhar rumo ao acesso equitativo e acessível às vacinas contra Covid para pessoas em todo o mundo, e a América Latina não é exceção. Contribuir para acabar com a pandemia de Covid é uma responsabilidade coletiva que exigiu ações altamente coordenadas e colaborativas de vários participantes.

Envidamos grandes esforços para garantir o acesso à nossa vacina na América Latina e continuamos trabalhando ativamente com os governos da região. Desde o ano passado, assinamos 14 acordos bilaterais para o fornecimento da vacina na América Latina nos seguintes países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.

“O maior desafio é reduzir as disparidades em nossos países. Acredito que a pandemia as destacou ainda mais”. Por outro lado, também temos um acordo com a Covax e, até o momento, as doses da vacina Pfizer-BioNTech chegaram a 57 países em todas as regiões do mundo, dos quais 46 são de baixa e média renda. Desses países, 14 são da América Latina e do Caribe: Belize, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Jamaica, México, Panamá, Paraguai e Peru.

Além disso, a Pfizer trabalhou com governos de países e entidades internacionais para facilitar a doação de mais de 140 milhões de doses para 77 países em todo o mundo. Dessas doações, mais de 120 milhões de doses já foram entregues a 52 países de renda baixa e média-baixa.

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Na América, os países que receberam suas doses por meio dessas doações são: El Salvador, Guiana, Haiti, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Montserrat, São Cristóvão e Névis, Santa Lúcia, São Vicente, Suriname, Trinidad e Tobago, Bolívia, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai.

Houve críticas nos países da região porque os contratos de compra de vacinas eram mantidos em sigilo. Qual é o motivo pelo qual alguns países mantiveram as negociações confidenciais?

Cláusulas de confidencialidade são comuns em contratos comerciais. Seu objetivo é contribuir para a construção de confiança entre as partes, bem como proteger as informações comerciais sensíveis que são trocadas durante as negociações e que constam dos contratos finais em benefício de todos os envolvidos.

No Brasil, a Pfizer se associou à Eurofarma para produzir as vacinas contra Covid. No futuro, você pensa em expandir essas alianças para outros países da América Latina e, principalmente, pretende ter uma produção própria no continente?

Estamos muito felizes com o nosso acordo com a Eurofarma para produzir no Brasil a vacina contra Covid para a América Latina. Este é outro exemplo de como conseguimos aumentar continuamente a capacidade de fabricação, incluindo dezenas de parceiros de fabricação em todo o mundo. Nossa parceria com a Eurofarma é um bom exemplo disso, mas também uma prova positiva do potencial da América Latina.

A Pfizer e a BioNTech selecionam fabricantes contratados por meio de um processo rigoroso com base em vários fatores: qualidade, conformidade, histórico de segurança, capacidade técnica, disponibilidade de capacidade, mão de obra altamente qualificada, habilidades de gerenciamento de projetos, relação de emprego anterior e um compromisso de trabalhar com flexibilidade por meio de um cronograma de produção acelerada. Continuaremos explorando e buscando oportunidades para adicionar novos parceiros à nossa rede de cadeia de abastecimento para acelerar ainda mais o acesso à vacina.

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Quais são os desafios na América Latina para os próximos anos?

O maior desafio é reduzir as disparidades em nossos países. Acredito que a pandemia as destacou ainda mais. Precisamos continuar gerando oportunidades de desenvolvimento econômico para que essa lacuna seja reduzida, principalmente no que diz respeito ao acesso à saúde. Essa, por si só, é também a grande oportunidade da região. Temos uma população jovem, uma região com abundância de recursos e uma enorme necessidade de gerar desenvolvimento econômico. Só isso é tanto o desafio quanto a oportunidade. Na Pfizer, mesmo sabendo o que nosso pipeline terá – medicamentos possíveis até para doenças incuráveis – hoje sabemos que teremos a capacidade de curar, tratar ou controlar essas doenças – e essa também é uma grande oportunidade. O desafio continuará sendo garantir que essas terapias cheguem rapidamente e encontrar juntos uma maneira de administrá-las em pacientes em tempo hábil. Precisamos encontrar maneiras de fazer isso.

“O maior desafio é reduzir as disparidades em nossos países. Acredito que a pandemia as destacou ainda mais”

O que mudou no setor farmacêutico com a pandemia?

A maior mudança é que a sociedade em geral entendeu o valor da saúde e que sem saúde não há nada. A saúde é essencial para tudo. Hoje, a saúde em geral é mais valorizada, o que é muito positivo. A pandemia também nos mostrou que existe uma forma diferente de desenvolver produtos para a saúde, e a vacina é um grande exemplo disso, pois a desenvolvemos em tempo recorde, correndo um risco compartilhado com autoridades regulatórias e governos ao redor do mundo. Por outro lado, algo que também mudou foi a aceleração da adoção de processos digitais em nosso setor, o que tenho certeza que vai favorecer a entrega mais rápida de medicamentos à população. Concluindo, posso dizer que mudou a valorização da saúde, o desenvolvimento de terapias e a assunção de maiores riscos coletivos.

Quais lições foram aprendidas?

Retomando a resposta anterior, acredito que a grande lição que fica é o verdadeiro valor da saúde. Sem saúde, nada mais importa. Também a capacidade de fazer coisas que julgávamos ser impossíveis, uma colaboração sem precedentes, o uso da tecnologia para fins tão nobres e necessários como preservar a saúde e a vida e a assunção de maiores riscos. Outra grande lição é a tecnologia de mRNA dessa vacina. Essa tecnologia nos ajudará a responder a ameaças à saúde no futuro e a ficarmos melhor preparados.

Em particular, como líder da região, também aprendi sobre a importância de desafiar as suposições tradicionais. Quando seu objetivo é claro e você precisa alcançá-lo, sempre encontrará uma maneira de fazê-lo. A clareza de seu propósito ajuda a superar qualquer barreira. Saber que nossa vacina seria fundamental para que nossos países voltassem à vida normal foi o propósito que nos permitiu superar todos os obstáculos.

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