Traders acumulam apostas em petróleo a US$ 70 no longo prazo

Contratos de prazo mais longo são impulsionados por investimentos cada vez menores na produção

Previsões apontam que o crescimento da demanda deve desacelerar no final da década
Por Alex Longley
25 de Novembro, 2021 | 10:10 AM

Bloomberg — Operadores apostam que os preços do petróleo no longo prazo podem subir devido à falta de investimento em produção futura.

Desde que atingiram a máxima do ano em outubro, os contratos futuros de petróleo mais ativos caíram quase 5%. Em comparação, os contratos do fim de 2022 e 2023 mostram pouca variação, ainda acima de US$ 70 o barril.

Com os preços de curto prazo atingidos pela venda conjunta das reservas liderada pelos Estados Unidos para aumentar a oferta - e uma possível reação negativa da Opep+ -, os contratos de prazo mais longo são impulsionados por investimentos cada vez menores na produção e poucos produtores que vendem futuros de longo prazo para fixar vendas futuras.

Durante a maior parte dos últimos dois meses o mercado esteve à beira do chamado “super-backwardation”, um jargão da indústria que indica oferta restrita, com uma curva mais inclinada para baixo. Mas, nas últimas semanas, a estrutura começou a se achatar com a aposta de traders em demanda sólida e menores investimentos em nova produção, o que deve manter o mercado mais apertado por mais tempo.

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“Acho que os futuros do petróleo vão subir além dos preços spot”, disse Marwan Younes, diretor de investimentos da Massar Capital Management, que administra cerca de US$ 970 milhões nos mercados de commodities e macro. “O mundo pode descarbonizar, mas as fontes de petróleo são mais fáceis de fechar do que a demanda.”

Essa visão ecoa comentários de profissionais de alguns dos maiores bancos e trading de commodities nas últimas semanas.

Nesse período, o presidente dos EUA, Joe Biden, orquestrou esforços globais para liberar reservas estratégicas de petróleo, algo que finalmente aconteceu na terça-feira. O mercado agora espera a resposta da Opep e aliados, se é que vão fazer alguma coisa, quando se reunirem no início de dezembro.

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A desaceleração dos gastos aparece nos números do setor. O total de sondas de perfuração de petróleo e gás ao redor do mundo caiu cerca de 30% em comparação com o nível pré-pandemia. Ao mesmo tempo, a demanda retornou aos volumes pré-pandêmicos, de acordo com a Vitol Group, e vários outros grandes operadores veem a demanda em patamar semelhante.

A Trafigura, uma das maiores tradings de commodities do mundo, disse que os preços em cerca de US$ 70 o barril para dezembro de 2022 e 2023 ainda estão baratos, já que podem chegar a US$ 100.

Planos da Opep

Ainda assim, a aposta com base em teorias de déficit de oferta iminente - uma preocupação persistente no mercado há vários anos - está repleta de riscos.

Previsões apontam que o crescimento da demanda deve se desacelerar no final da década, por isso, Opep e aliados poderiam tentar bombear mais petróleo antes para aproveitar ao máximo os recursos enquanto o consumo ainda é forte, de acordo com Greg Sharenow, gestor com foco em energia e commodities na Pacific Investment Management Co.

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