Copom deve manter ritmo de 1,5pp apesar de IPCA-15 salgado

Número reforça leitura de que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, está confortável com orientação

Manutenção do ritmo se dará apesar de uma inflação generalizada e com evidências de efeitos secundários
Por Caroline Aragaki e Patricia Xavier
25 de Novembro, 2021 | 04:28 PM

Bloomberg — IPCA-15 de novembro ligeiramente acima do esperado não deve mudar a sinalização do Banco Central de um novo aperto de 1,5 pp no Copom de dezembro. Número reforça a leitura do mercado de que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, está confortável com a orientação, depois de mostrar um tom dovish em sua fala na quarta-feira, ao não enfatizar a perseguição da meta em 2022 e tratar a alta dos preços como temporária.

Veja mais: Banco Central adverte contra aumento de juros rápido demais

A manutenção do ritmo se dará apesar de uma inflação generalizada e com evidências de efeitos secundários, dizem economistas. Dado mostrou alguma moderação em serviços e desaceleração em alimentos, mas com núcleos ainda pressionados.

O IPCA-15 subiu 1,17% em novembro, acima da estimativa de 1,13%, na maior variação para esse mês desde 2002, segundo o IBGE. O maior impacto veio de transportes, em razão da alta da gasolina.

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Veja o que dizem os analistas:

Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs

  • O BC deve manter o ritmo de alta de 1,5 pp da Selic no próximo Copom, em meio à inflação elevada e disseminada trazida pelo IPCA-15
  • "No geral, a inflação é agora muito generalizada com evidências contundentes de efeitos secundários significativos"
  • Núcleo estão muito elevados
  • Única surpresa positiva foi menor inflação em alimentos e bebidas e leve moderação dos serviços; leituras muito altas em bens industriais e duráveis

Tatiana Nogueira, economista da XP Investimentos

  • Serviços surpreenderam para o lado negativo, enquanto os preços industriais subiram mais do que o projetado; desvios concentraram-se na alimentação fora do domicílio e nos cuidados pessoais, itens geralmente voláteis
  • "Calibraremos nossas projeções e em breve lançaremos possíveis revisões. Por enquanto, mantemos estimativa do IPCA em 10,1% em 2021"

Carlos Menezes, gestor da Gauss Capital

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  • Mercado estava bastante receoso de um número muito forte
  • Veio ligeiramente acima, o que não deve mudar o call de um ritmo de 150 bps para o próximo Copom
  • "Ontem leitura do Campos neto foi mais dove. E hoje ganhou força com um número não tão forte"

Elisa Machado, economista-chefe da ARX Investimentos

  • Seria recomendável BC acelerar ritmo em função das expectativas
  • "Temos visto o Focus com deterioração importante para 2022 e começando a subir expectativas para 2023"
  • Embora número seja "muito alto", a questão do ritmo da Selic será mais relacionado às expectativas de inflação, que têm piorado
  • Não houve piora adicional na parte de serviços, mas causa preocupação a dinâmica de preços industriais, que continuam acelerando fortemente

Mauricio Une, economista sênior do Rabobank

  • IPCA-15 trouxe mais uma surpresa de alta em relação às expectativas do mercado, mas o ritmo de 1,50pp de aumento da Selic indicado para o próximo Copom ainda parece adequado
  • "Serviços e alimentação trouxeram um respiro em novembro"
  • Avalia como "plenamente factível" as expectativas voltarem à meta em 2023

Daniel Lima, economista e analista de inflação do ABC Brasil

  • "Apesar de a inflação continuar com quadro qualitativo desfavorável, não achamos que o número do IPCA-15 fará uma mudança no Copom"
  • "Até pelas sinalizações de ontem do Roberto Campos Neto, parece que BC segue confortável com ritmo de 150 bps"
  • "Devemos observar alguma melhora só daqui 2, 3 meses"
  • "Gasolina é principal item que deve contribuir com índice cheio, mantendo IPCA em níveis bastante altos"

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