Contrata-se mulher motorista de veículo elétrico para entregas no Brasil

DHL Supply Chain aposta em mão de obra feminina para frota de elétricos a fim de aumentar diversidade no transporte

DHL Supply Chain deu prioridade para a contratação de motoristas mulheres para reforçar sua frota de veículos elétricos
23 de Novembro, 2021 | 04:19 PM

São Paulo — A DHL Supply Chain, braço de armazenagem, distribuição e transportes do grupo alemão de logística DHL, decidiu ampliar sua frota especial de veículos elétricos no Brasil, dentro de seu plano global de zerar emissões de gases de efeito estufa até 2050. Além dessa preocupação ambiental, a companhia pretende aumentar a diversidade de gênero em sua operação de transporte no país contratando mulheres motoristas.

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“A gente vai abrir 120 vagas novas de motoristas e quer focar especialmente nas mulheres”, diz Javier Bilbao, CEO da DHL Supply Chain na América Latina, em entrevista à Bloomberg Línea.

Atualmente, a frota da operadora de logística no Brasil soma 150 veículos elétricos em operação, e 40 mulheres já atuam nas atividades de entrega, principalmente em São Paulo. Segundo Bilbao, além da reduzir as emissões de CO², esses modelos trazem menores custos operacionais para o setor de logística. “A poluição sonora, acústica também é muito menor”, destaca o executivo.

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Ana Blanco, VP de Operação da DHL Supply Chain na América Latina, destaca o esforço da companhia para recrutar mulheres para a condução dos veículos usados em suas entregas. “Tem sido uma experiência super interessante essa de trazer as mulheres. Elas têm performado muito bem. A mulher tem uma característica de cuidado, de atenção nas entregas, de oferecer um serviço também diferenciado”, afirma Blanco, acrescentando que a iniciativa de atrair motoristas do sexo feminino está sendo ampliada para outras partes de sua frota.

Ela reconhece que a área de transporte da operadora de logística ainda tem muito a investir em diversidade de gênero. “A gente já tem bastante diversidade nas nossas operações de armazém, e as operações de transporte estavam um pouquinho para trás. Com esse projeto, a gente começa a trazer mais diversidade para essas operações também”, diz a VP de Operação da DHL Supply Chain na América Latina.

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O CEO da operadora de logística reconhece que o preenchimento das vagas abertas não é fácil. “Existe uma falta de motoristas no Brasil”.

DHL Suplly Chain, sediada no Brasil em Campinas (SP), recorre a startups para digitalizar operações de logística e drones para realizar inventáriodfd

Investimentos

A ampliação da frota da DHL Supply Chain acontece em um momento de forte crescimento do comércio eletrônico na região, o que favorece as vendas do braço de armazenagem, distribuição e transportes do grupo alemão. O CEO da companhia cita que os investimentos destinados às operações na América Latina totalizam 30 milhões de euros (cerca de R$ 191 milhões).

“Mesmo sendo para a região, esses investimentos favorecem especialmente o Brasil. Começamos esses investimentos pelo Brasil”, observa Bilbao, destacando projetos de digitalização de processos, parcerias com aceleradoras de startupus e melhorias operacionais.

Ele cita, por exemplo, uma parceria entre a companhia e a startup Trackage, que realiza otimização de processos logísticos baseado em rastreabilidade, para o desenvolvimento de uma solução mobile para a gestão de pátio (entrada e saída de caminhões) em Centros de Distribuição (CDs) de grande porte.

Denominada Maestro, a solução possibilita reduzir em até 50% o tempo de espera dos motoristas para carga e descarga e dá mais visibilidade e controle às operações. Baseada em um aplicativo para celular utilizado pelos caminhoneiros, a iniciativa quase zerou o contato humano nestes processos, contribuindo assim para reduzir riscos associados à disseminação da Covid-19.

DHL Supply Chain teve o primeiro contato com a Trackage na aceleradora e hub de inovação Weme, de Campinas (SP). Em 2019, foi realizado um pitch com 20 startups para o desenvolvimento de soluções para o mercado logístico. Depois de duas rodadas de avaliação, a Trackage foi selecionada por unanimidade. A startup teve acesso às operações da DHL Supply Chain e seguiu uma mentoria de negócios e logística para desenvolver uma solução prática e viável para a gestão de pátios com base em conhecimento e tecnologia de monitoramento inteligente.

Braço de armazenamento e distribuição do grupo alemão DHL aposta na expansão de suas operações no Brasil com impulso do comércio eletrônico no paísdfd

Expansão

Outro investimento da operadora de logística foi no seu Centro de Distribuição com 10 mil m² em Osasco (Grande SP), que foi totalmente remodelado, incluindo a troca do piso e a montagem de uma nova estrutura de porta-pallets que demandou uma desocupação em cinco fases e movimentação de estoque para locais provisórios. O número de bases avançadas administradas passou de 14 para 28, o que por sua vez provocou uma expansão de 100% da equipe, segundo a companhia.

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A DHL Supply Chain diz ainda que conseguiu implementar uma agenda de melhorias e expansões de capacidade para a Comgás, maior distribuidora de gás natural encanado do país, que resultaram na redução de estoques, resiliência das operações e maior agilidade nas entregas, cujas obras eram ainda mais urgentes. A cadeia de suprimentos para fornecimento de gás natural encanado passou por uma pressão durante a pandemia, ao mesmo tempo em que houve um aumento considerável de consumo - e, portanto, de manutenção -, houve também uma maior dificuldade na obtenção de peças, muitas delas importadas, por conta das disrupções nas malhas de transporte e produção industrial.

E-commerce

Bilbao diz que o Brasil está adiantado, em relação a seus pares da América Latina, no desenvolvimento da logística para o comércio eletônico, que já vinha em um ritmo de crescimento mesmo antes da pandemia do novo coronavírus, em março de 2020. “A gente tem conseguido crescer bem como consequência do impulso do e-commerce. Há dois, três anos, tínhamos 10 mil colaboradores. Hoje temos 18 mil”.

Presente na teleconferência, Blanco acrescentou que o volume total de cargas movimentadas pelo comércio eletrônico continua alto no Brasil. “O brasileiro aprendeu a comprar nesses canais digitais. Hoje vemos uma expansão de novas modalidades como supermercados, produtos frescos, tomando corpo”, afirma a VP de Operação, que espera um novo patamar para as vendas do segmento digital depois do salto previsto para a Black Friday e o Natal.

Bilbao concorda com a avaliação e diz que comprar pela internet deixou de ser um hábito elitista. O CEO vê a popularização das transações digitais como um fator importante para os esforços mundiais de sustentabilidade ambiental. “Não é só uma ferramenta de comodidade para o cliente, mas traz uma redução de emissão de CO² nas entregas. Afinal, é um só veículo que realiza todas as entregas, evitando deslocamentos desnecessários às lojas, aos shoppings centers”, exemplifica.

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A redução dos prazos de entrega dos produtos virou uma exigência do consumidor, levando o varejo a buscar rapidez e agilidade dos serviços de logística. A DHL passou, por exemplo, a integrar a estrutura de entregas ao consumidor final da área de e-commerce da Arezzo&Co, grupo que reúne as marcas Arezzo, Schutz, Anacapri, Alexandre Birman, Fiever, Alme, Vans, BAW e My Shoes, além do marketplace ZZ MALL, da TROC e AR&Co, braço de vestuário e lifestyle com as marcas da Reserva.

“Com o acesso a infraestruturas de transbordo de carga e a uma linha expressa rodoviária, a DHL Supply Chain suportou prazos de entrega de um dia na Grande São Paulo e de até três dias para capitais e regiões metropolitanas de outros seis estados, além do interior de São Paulo”, informou.

Sustentabilidade

Já o estudo da DHL, intitulado “A sustentabilidade ambiental do e-commerce: a América Latina vai aderir à revolução?”, identifica as principais áreas e ações que contribuem para reduzir o impacto no meio ambiente, além de destacar a posição-chave em que a América Latina se encontra para construir seu caminho no e-commerce sustentável.

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O estudo da DHL foi produzido em coordenação com o Conselho das Américas, uma organização internacional com foco no desenvolvimento econômico e social das pessoas, e incorpora o conhecimento de executivos das unidades da DHL Supply Chain e DHL Express na América Latina. Este estudo aponta que antes da pandemia, esperava-se que a demanda no trecho final de entrega (last mile delivery) crescesse 78% até 2030. No entanto, a pandemia acelerou a migração para o e-commerce na mesma medida em apenas 12 meses, trazendo também um desafio de infraestrutura, já que a América Latina tem uma taxa de urbanização de 80%, ou seja, as megacidades da região enfrentam tanto os desafios locais quanto os desafios das economias mais desenvolvidas.

Para superar esses desafios de infraestrutura, a revolução do e-commerce gerou uma transformação na operação, tanto no âmbito tecnológico quanto em termos de gestão de recursos, segundo o grupo alemão. O estudo da DHL indica a incorporação de novas tecnologias (como big data, análise preditiva, inteligência artificial etc.) e o uso da robótica para fornecer eficiência sustentável em 6 áreas principais: soluções para last mile, embalagem, economia circular e logística reversa, agenciamento de carga, armazenagem e supply chain.

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Dentre as transformações que estão sendo realizadas na América Latina, destacam-se: o uso de bicicletas e de veículos elétricos; a integração de algoritmos para a redefinição do design de embalagens com o objetivo de utilizar materiais sustentáveis ou reciclados junto com a otimização do espaço; software de gestão de inventário, bem como edifícios inteligentes que economizam até 45% de energia em um período de cinco anos.

Correios

Sobre o interesse em participar do processo de privatização dos Correios, lançado pelo governo federal, o grupo alemão evita tratar esse assunto em público. O tema está sendo tratado pelo Grupo Deutsche Post DHL, do qual da DHL Supply Chain faz parte, que emitiu a seguinte nota à imprensa.

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“Como princípio geral, o Grupo Deutsche Post DHL não comenta sobre especulações de mercado sobre potenciais fusões e aquisições. No momento, não temos planos para atingir o crescimento de nosso negócio postal por meio da participação no processo de privatização de outros serviços postais no exterior”, afirma a nota enviada à Bloomberg Línea.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.