Madero ganha tempo com socorro de R$ 300 milhões do Carlyle

Com o aporte, o Carlyle aumenta ainda mais sua participação no grupo, que era de pouco mais de 27% antes dessa operação

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Bloomberg Línea — A rede de restaurantes Madero, que passa por dificuldades financeiras, recebeu um novo aporte de R$ 300 milhões do Carlyle, um dos seus principais acionistas desde 2017, para fazer frente a compromissos com credores e fornecedores.

Com o socorro, o Carlyle aumenta ainda mais sua participação no grupo, que era de pouco mais de 27% antes dessa operação. O controle da companhia, no entanto, segue com Junior Dursky, fundador e a principal face do Madero junto a investidores e credores. Pelo aporte, Dursky se comprometeu a ceder mais 2.426.239 ações ordinárias para o Carlyle.

Segundo o Madero, os novos recursos serão direcionados principalmente para a estratégia de expansão da empresa, que neste ano abriu 27 novos restaurantes. “Estamos orgulhosos de continuar nossa parceria com o Junior e seu time e participar desta próxima fase de crescimento da Companhia”, disse Jay Sammons, chefe global da área de Consumer, Media e Retail do Carlyle, em nota.

No auge da pandemia, o Madero teve que fechar lojas e demitir funcionários. Desde a reabertura das lojas, no entanto, o faturamento tem mostrado recuperação, mas as dívidas de curto prazo com bancos saltaram de R$ 349 milhões em 31 de dezembro de 2020 para R$ 667 milhões em 30 de setembro deste ano – crescimento de 91% (bancos tem outros R$ 350 milhões a receber com vencimento superior a 12 meses).

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Além de empréstimos e financiamentos, as despesas com fornecedores, obrigações sociais e tributárias vencidas ou com vencimento nos próximos 12 meses atingem R$ 1,023 bilhão (alta de 49,6% em relação a dezembro). Em linguagem contábil, essas despesas compõem o passivo circulante.

Na sua última divulgação de resultados, o Madero destacou que sua receita avançou aos níveis pré-pandemia. O grupo obteve receitas de R$ 310,4 milhões no terceiro trimestre de 2021 – crescimento de 66% em relação ao mesmo período de 2020, quando medidas sanitárias impediam o funcionamento da maioria dos restaurantes no país. No terceiro trimestre de 2021, o prejuízo foi de R$ 25,1 milhões contra perdas de R$ 137 milhões no mesmo período do ano passado.

“A administração considera que com as ações já tomadas e aquelas que estão em fase final de desfecho darão à Companhia as condições necessárias para honrar todos os compromissos assumidos nos próximos 12 meses”, disse no relatório.

Segundo os auditores da PwC, o crescimento da dívida se dá por dois fatores-chave: expansão e renegociação de dívidas já existente, em condições menos favoráveis. A companhia realizou investimentos de R$ 228 milhões entre dezembro e janeiro, incluindo a abertura dessas 27 unidades. Ao todo, a rede tem 250 restaurantes no país.

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