Bloomberg — A fabricante de cosméticos Natura está avaliando uma possível transferência de suas ações, que hoje são negociadas no Brasil, para os Estados Unidos, com o intuito de diminuir parte de seus descontos em relação a seus pares globais e ter acesso a um grupo mais amplo de investidores.
Os resultados da empresa sediada em São Paulo têm superado de forma consistente o mercado de cosméticos, fragrâncias e produtos de higiene pessoal, mas seu valuation fica atrás dos rivais, disse o CEO, Roberto Marques, em uma teleconferência nesta sexta-feira (12) com analistas e investidores.
“Ainda vemos um aumento significativo em relação ao mercado em termos de múltiplos”, disse Marques.
As ações da Natura chegaram a despencar até 18% hoje (12), a maior queda desde março de 2020, após a companhia adiar a meta de margem Ebitda para 2024. No ano, a queda é de 36%.
A empresa, que comprou a Avon no ano passado e também é dona das marcas Natura, Body Shop e Aesop, está considerando listar ações na Bolsa de Valores de Nova York, além de negociar recibos BDRs na Bolsa de Valores de São Paulo. É o oposto da estrutura atual: tem ações negociadas em São Paulo e ADRs nos EUA.
A Natura se junta a uma série de empresas brasileiras interessadas em um maior pool de caixa e múltiplos mais abundantes do que o que está disponível em seu mercado doméstico. O Banco Inter, credor digital lastreado pela SoftBank, contratou bancos para uma reestruturação societária com o objetivo de transferir sua listagem para Nova York.
Cerca de 70% do faturamento da Natura já vem de fora do Brasil, disse Marques.
-- Com a colaboração de Janet Freund.
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