Bloomberg Línea — Enquanto os agricultores avançam com as máquinas para plantar a próxima safra, os dois órgãos do governo responsáveis pelas estimativas de produção seguem a liturgia mensal de tentar prever o quanto o Brasil colherá em 2022. Os novos números divulgados ainda não levam em consideração os efeitos que a falta e o atraso na entrega de insumos, tanto fertilizantes quanto defensivos, terá sobre os rendimentos das lavouras do país e que ainda colocam em risco a próxima safra de grãos.
No Ministério da Agricultura, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) espera por uma oferta de 289,8 milhões de toneladas de grãos, 1,2 milhão a mais do que havia sido projetado em outubro e 14% superior à safra anterior.
No Ministério da Economia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) se mostra um pouco mais conservador e estima uma colheita de 270,7 milhões no próximo ano em seu primeiro levantamento, 7,8% a mais do que neste ano,
Apesar da divergência histórica dos números devido às metodologias empregadas por cada instituição, ambas as estimativas apontam para uma safra recorde no último ano do governo Bolsonaro. Como acontece em todo início de safra, que começa a ser plantada tradicionalmente nos meses de outubro, os primeiros índices de produtividade são determinados com base em estatísticas geradas a partir do histórico dos anos anteriores.
Se o clima tem se mostrado favorável ao desenvolvimento das lavouras até agora, a crise no abastecimento de insumos é o fator novo. O próprio Ministério da Agricultura reconheceu como real a possibilidade de haver uma escassez de fertilizantes e defensivos nesta safra, dois itens fundamentais para garantir a produtividade das lavouras.
Apesar do cenário de desabastecimento, Conab estima que a produtividade média da soja no Brasil será de 3,52 mil quilos por hectare na safra 2021/22, o mesmo rendimento obtido no ciclo anterior. Para o milho, muito prejudicado pela falta de chuvas na safra passada, a estimativa é de uma produtividade nacional de 5,58 mil quilos por hectare, 28% a mais do que na safra 2020/21.
O IBGE espera que a soja registre uma produtividade média de 3,44 mil quilos por hectare na safra que será colhida em 2022, praticamente o mesmo número deste ano, de 3,45 quilos. No caso do milho, o rendimento projetado é de 5,63 mil quilos por hectare, 8,4% a mais sobre os 5,2 mil de 2021.
Em seu comunicado, o IBGE informa que “essa primeira estimativa para a safra a ser colhida em 2022 é passível de retificações nos dois próximos levantamentos, em novembro e em dezembro, assim como durante o acompanhamento das safras que será feito durante todo o ano de 2022″. Na mesma linha, a Conab diz que “devido às indefinições com relação à produtividade a ser obtida das culturas que serão cultivadas, neste levantamento para o cálculo das estimativas das produtividades utiliza-se métodos estatísticos.”
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