ArcelorMittal prevê queda da demanda por aço na China este ano

Empresa diz que foi particularmente afetada pelos cancelamentos de pedidos do setor automotivo, que enfrenta escassez de semicondutores

China domina os mercados globais de aço como maior produtora e consumidora, o que equivale à mais da metade da demanda total
Por Bloomberg News
11 de Novembro, 2021 | 08:18 AM

Bloomberg — A ArcelorMittal alertou que a demanda chinesa por aço vai encolher este ano devido aos problemas do setor imobiliário, em mais um sinal do contágio da crise da incorporadora China Evergrande.

A China domina os mercados globais de aço como maior produtora e consumidora, o que equivale à mais da metade da demanda total. O mercado imobiliário tem sido afetado pela crise de liquidez que pesa sobre a atividade econômica, o que reduz a demanda por commodities como o aço ao mesmo tempo em que o país enfrenta escassez de energia.

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A ArcelorMittal ainda espera que o consumo de aço fora da China aumente de 12% a 13% este ano como resultado da reabertura das economias após as restrições da Covid-19. No entanto, a siderúrgica agora projeta leve queda para a demanda chinesa. Em julho, a Arcelor previa crescimento anual de 3% a 5%.

Os segmentos imobiliário e de construção da China mostraram retração no terceiro trimestre pela primeira vez desde o início da pandemia. O setor imobiliário responde por 40% do consumo de aço do país, sendo um dos principais motores da demanda global.

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A mídia estatal chinesa sinalizou que o governo pode aliviar as restrições ao setor, mas as autoridades dão poucos sinais de retomar o tipo de estímulo que aqueceu a atividade imobiliária e a demanda por commodities depois da última grande crise em 2015-2016. No início do ano, a China decidiu cortar a produção de aço e reduzir as exportações como parte dos esforços para combater a poluição.

O preço de exportação da China para a bobina a quente atingiu uma máxima acima de US$ 1.000 a tonelada em abril, já que a demanda cresceu tanto no mercado interno quanto no resto do mundo. No entanto, o preço do produto usado como referência nos mercados globais de aço acumula queda de quase 20% desde então, enquanto as cotações do minério de ferro caíram ainda mais.

Exportações de aço para a China caíram 20% em meio à menor demanda imobiliária

A ArcelorMittal, a maior siderúrgica fora da China, divulgou resultados do terceiro trimestre na quinta-feira que ficaram abaixo das estimativas de analistas, sob o impacto da queda dos embarques. A empresa disse que foi particularmente afetada pelos cancelamentos de pedidos do setor automotivo, que enfrenta escassez de semicondutores.

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Ainda assim, as perspectivas continuam positivas, segundo o diretor-presidente da ArcelorMittal, Aditya Mittal. A siderúrgica espera que os fatores que atingiram as vendas do terceiro trimestre sejam revertidos nos três meses seguintes.

“A demanda subjacente deve continuar melhorando; e, embora marginalmente longe dos recordes recentes, os preços do aço permanecem em níveis elevados, algo que se refletirá nos contratos anuais para 2022”, disse o CEO.

A empresa registrou o maior lucro trimestral desde 2008 graças ao impacto adiado das altas cotações do aço à vista: seu preço médio de venda foi 76% maior do que no ano anterior.

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