Ibovespa descola do exterior e volta aos 107 mil pontos com apetite por risco

Principal índice da Bolsa de São Paulo firmou alta no fim da manhã, de olho no avanço da pauta dos precatórios, enquanto dólar e juros oscilam após inflação acelerada

Ibovespa avança nesta quarta (10) com a expectativa de que a PEC dos precatórios seja votada no Senado ainda em novembro
10 de Novembro, 2021 | 01:31 PM

Bloomberg Línea — Os investidores resolveram deixar de lado o IPCA acima das estimativas e apostam no risco na tarde de hoje (10), com o avanço da proposta de emenda constitucional (PEC) dos precatórios dando o tom em mais um pregão do Ibovespa. Há expectativas de que o governo consiga levar a matéria ao plenário do Senado ainda este mês, mas, por outro lado, a resistência na Casa deve ser maior do que entre os deputados.

O dia também é de inflação nos Estados Unidos, em que os dados de preços ao consumidor superaram as estimativas e vieram no maior nível para o mês de outubro em 31 anos. A divulgação trouxe o mau humor para os índices acionários, que operam no vermelho, com investidores aproveitando ainda para embolsar ganhos recentes.

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  • Perto das 13h20, o Ibovespa subia 1,48%, a 107.101 pontos, após oscilar ao longo da manhã
    • Bradesco (BBDC4), Petrobras (PETR4) e Itaú (ITUB4) eram as maiores contribuições para o avanço, enquanto Vale (VALE3) pesava no lado oposto
  • O dólar e os vencimentos dos juros seguem sem uma direção definida. O dólar subia 0,03%, a R$ 5,50, enquanto o DI para janeiro próximo subia de 8,450% para 8,470%. Já o vencimento para janeiro de 2023 caía de 12,135% para 12,085%, e o de janeiro de 2027, de 11,720% para 11,420%
  • Nos EUA, o Dow Jones caía 0,10%, o Nasdaq, 0,44% e o S&P 500, 0,12%

Contexto

A Câmara dos Deputados aprovou ontem (9) à noite, em segundo turno, a PEC dos precatórios, proposta que parcela as dívidas judiciais e altera o teto de gastos, e seguirá agora para duas votações no Senado. Se aprovada também pelos senadores, a PEC liberará entre R$ 85 bilhões e R$ 94 bilhões em gastos novos em 2022 - quando o presidente Jair Bolsonaro tentará a reeleição -, que devem ser usados para bancar o novo programa social do governo, o Auxílio Brasil.

Ainda no assunto eleições presidenciais, o ex-ministro Sergio Moro falou hoje pela primeira vez como pré-candidato a presidente da República, buscando criticar simultaneamente os dois líderes nas pesquisas eleitorais: o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro. Estreante no palanque, Moro leu um discurso de 45 minutos no teleprompter, com voz pausada e sem muitas variações no tom de voz.

De volta aos mercados, outro driver importante para o pregão de hoje são os dados de inflação, tanto aqui quanto nos EUA. No Brasil, o IPCA registrou o maior avanço para o mês desde outubro de 2002, com alta mensal de 1,25%, puxado pelos preços dos combustíveis, com destaque para a gasolina. O registro já leva os investidores a apostarem em uma taxa básica de juros ainda mais alta. O Goldman Sachs espera uma alta de pelo menos 1,5pp na Selic, para 9,25% na próxima reunião do Copom, em dezembro, com 20% de chance de um aumento ainda maior.

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Nos EUA, o CPI (Índice de Preços ao Consumidor) aumentou 6,2% em relação a outubro de 2020, segundo dados do Departamento do Trabalho divulgados nesta quarta (10), o ritmo mais elevado desde 1990, refletindo pressões inflacionárias maiores conforme as empresas conseguem repassar custos mais altos.

Mas há quem tome proveito dos preços elevados. O Bitcoin atingiu um novo recorde nesta quarta e está flertando com US$ 69 mil pela primeira vez depois que os dados da inflação reforçaram o argumento de que a criptomoeda é uma opção de proteção contra as crescentes pressões de custo. Outras moedas também subiram, com o Bloomberg Galaxy Crypto Index - que rastreia os principais criptoativos - ganhando até 2,4%, para seu nível mais alto desde maio.

(Atualiza às 13h38 com dados do Bitcoin)

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Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.