Andrade Gutierrez fracassa na venda de fatia na CCR para IG4

Empreiteira não conseguiu refinanciar dívida nem alterar acordo do acionista controlador da CCR; Notícia é negativa para CCR, dizem analistas

Operadora de concessões de infraestrutura CCR comunicou que a Andrade Gutierrez, sua sócia, não conseguiu vender sua fatia para a IG4 Capital, gestora de private equity fundada por Paulo Mattos
01 de Novembro, 2021 | 01:58 PM

São Paulo — A empreiteira mineira Andrade Gutierrez não conseguiu concluir a venda de sua participação acionária no grupo de concessionárias CCR para a gestora de recursos IG4 Capital. O negócio, anunciado em agosto, representaria uma quantia estimada de R$ 5 bilhões. A Andrade Gutierrez, que foi envolvida no escândalo da Operação Lava Jato, tentava se reerguer, mas neste ano já foi obrigada até a dar calote em credores estrangeiros.

Nesta segunda-feira (1º), a CCR informou que a IG4 não concluiu a transação de compra da fatia da Andrade Gutierrrez por um preço máximo de R$ 16,90 por cada ação (CCRO3). O contrato de compra e venda expirou no último dia 31 de outubro, segundo carta enviada pela empreiteira à CCR. Segundo o comunicado, não foram alcançados pré-requisitos, como a conclusão do refinanciamento de dívida e a alteração do acordo dos acionistas controladores da CCR (Camargo Corrêa e Soares Penido).

A notícia do fracasso da venda das ações para o IG4 é negativa para a CCR, avaliaram os analistas Victor Mizusaki (Bradesco BBI) e Ricardo França (Ágora Investimentos), em nota enviada aos clientes. Por volta das 13h30, CCRO3 registrava queda de 1,66%, cotada a R$ 11,24, após tocar uma cotação mínima de R$ 11,21 (-1,92%), enquanto o Ibovespa subia 1,95%, aos 105.515 pontos.

A IG4 Capital poderia fortalecer ainda mais a governança corporativa da CCR”, escreveram os analistas.

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Eles disseram ainda que o preço da aquisição de R$ 16,90 por ação da CCR foi um catalisador positivo de curto prazo para o papel. Com o negócio desfeito, isso seria uma notícia negativa para a CCR.

A dupla de analistas ressalva, no entanto, que não espera “qualquer mudança no plano de crescimento de longo prazo da CCR ou disciplina financeira”. Eles mantiveram a recomendação de compra para a CCR com um preço-alvo de R$ 22 para o final do ano.

Em outra nota, os analistas do Bradesco BBI também comentaram que a CCR poderá participar do próximo leilão de rodovias federais, previsto para o próximo dia 20 de dezembro. Na sexta-feira passada, a companhia conseguiu renovar a concessão de 30 anos para a rodovia Presidente Dutra, entre São Paulo e Rio de Janeiro.

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Procurada pela reportagem, a assessoria da Andrade Gutierrez disse que não vai fornecer informações adicionais às contidas no fato relevante da CCR. No início de agosto, a empreiteira deu um calote de US$ 43,2 milhões em investidores estrangeiros detentores de títulos de dívida emitidas pela companhia no exterior (chamados bonds).

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.