Dólar vai a R$ 5,67 após Guedes admitir auxílio fora do teto; juro curto passa 10%

Moeda americana atinge maior cotação desde 9 de abril, quando foi negociada a R$ 5,68; mercado vê aumento maior na Selic

Dólar vai a R$ 5,67 com dúvida fiscal
21 de Outubro, 2021 | 10:24 AM

São Paulo — O mercado de câmbio iniciou os negócios nesta quinta (21) com o dólar em forte alta após o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitir que estuda um “waiver” para acomodar o aumento do Auxílio Brasil fora do teto de gastos. A moeda americana chegou a ser negociada a R$ 5,667, com alta de 1,4%, na maior cotação deste 9 de abril. Pouco depois da 10h15, o dólar havia recuado para R$ 5,6422, com ganho de 0,8%.

No mercado de juros, as taxas curtas e longas têm forte alta, com a maioria dos vencimentos importantes acima de 10% ao ano, com exceção de janeiro de 2022, representando o aumento da percepção de risco do mercado em relação à trajetória fiscal.

  • Diante da tensão no mercado de juros, o Tesouro Nacional reduziu o volume de títulos prefixados em leilão nesta quinta;
  • A taxa do DI para janeiro de 2022 saltou de 7,632% para 7,94%, enquanto a de janeiro de 2023 subiu de 9,90% para 10,545%
  • A taxa do DI para janeiro de 2025 saltou de 10,90% para 11,44%, enquanto as para janeiro de 2027, um dos contratos mais longos com liquidez, foi de 11,27% para 11,75%
  • Curva de juros passou a precificar um aumento de 1,4 ponto na Selic, antes alta de 1,12 ponto na segunda-feira, segundo a Bloomberg News

Ontem, Guedes disse que o governo estuda pedir um “waiver” de R$ 30 bilhões, por um período temporário, para bancar o novo Auxílio Brasil de R$ 400.

  • Guedes afirmou que o governo decidiu desenhar o programa para atenuar os efeitos da inflação para a população de baixa renda. O ministro afirmou ainda que a formatação final do benefício ainda está em estudo. Uma parte do programa será temporário e outra, permanente.
  • O ministro disse ainda que não há fonte de recursos para o programa se tornar permanente sem a aprovação da reforma do Imposto de Renda. Segundo Guedes, a ala política vai decidir a forma de encaixar o programa social de R$ 400 no orçamento. Ele disse que “haverá crédito extraordinário ou revisão do teto”.
  • Para o ministro, cabe ao relator da PEC dos Precatórios, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), viabilizar valor de R$ 400 para o benefício. “Se não conseguimos fazer um programa permanente, vamos para um transitório”, disse.

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Toni Sciarretta

News director da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura diária de finanças, mercados e empresas abertas. Trabalhou no Valor Econômico e na Folha de S.Paulo. Foi bolsista do programa de jornalismo da Universidade de Michigan.