Governo ‘trabalha’ para pagar R$ 400 de Auxílio Brasil, mas não explica fonte de recurso

Ministro da Cidadania disse que está buscando interlocução com o Congresso para viabilizar o pagamento

Presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Cidadania, João Roma
20 de Outubro, 2021 | 04:08 PM

São Paulo — O ministro da Cidadania, João Roma, disse nesta quarta que o governo “trabalha” para aprovar um pagamento mínimo de R$ 400 para o Auxílio Brasil, nome do novo Bolsa Família. O ministro não explicou qual seria a fonte de custeio do benefício social.

“Vamos viabilizar o pagamento dentro das regras fiscais”, disse o ministro em breve declaração e sem responder a perguntas.

O novo benefício começará a ser pago em novembro com um reajuste de 20% sobre valor pago hoje pelo Bolsa Família, segundo o ministro. “O programa permanente tem valores que oscilam, vão desde valores abaixo de R$ 100 até valores superiores a R$ 500. O programa, de maneira geral, terá reajuste de 20%”, disse ele.

O ministro afirmou que está buscando interlocução com o Congresso para viabilizar o pagamento. “Não estamos aventando que o pagamento deste benefício se dê através de créditos extraordinários”, afirmou.

PUBLICIDADE

O governo buscar estruturar um benefício transitório que funcionaria até dezembro de 2022. O benefício transitório depende de uma alteração do relatório do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) sobre a PEC dos Precatórios.

Roma afirmou que o programa não tem “nada de eleitoreiro” e que as “áreas social e econômica são duas faces da mesma moeda”.

Mais cedo, o presidente Bolsonaro confirmou, durante evento no Ceará, que o novo Auxílio Brasil será de R$ 400, mas afirmou que isso não vai furar o teto de gastos. O presidente afirmou que o governo tem compromisso com programa social e que não vai fazer loucuras com o orçamento, mas não explicou a fonte de recursos para financiar o aumento do benefício.

PUBLICIDADE

O governo chegou a planejar o anúncio da medida na noite de terça, mas cancelou o evento na última hora. A preocupação com o estouro do teto de gastos motivou baixa de mais de 3% no Ibovespa e levou o dólar a R$ 5,60 nesta terça.

Leia também

Fundação Gates quer acelerar acesso à pílula contra Covid da Merck

Na Colômbia, café tem gosto brasileiro

Regras da UE para internet devem ser adiadas mais uma vez, para 2022


Toni Sciarretta

News director da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura diária de finanças, mercados e empresas abertas. Trabalhou no Valor Econômico e na Folha de S.Paulo. Foi bolsista do programa de jornalismo da Universidade de Michigan.