UPL quer movimentar pelo menos US$ 15 bi em créditos de carbono até 2040

Ativos serão gerados a partir de 100 milhões de hectares utilizados pela agricultura e pecuária no mundo, dos quais 20 milhões estão no Brasil

Carlos Pellicer (COO da UPL), Youri Djorkaeff (CEO da Fifa Foundation), Mauricio Macri (presidente da Fifa Foundation), Jai Shroff (CEO global da UPL) e Rogério Castro (CEO da UPL no Brasil)
12 de Outubro, 2021 | 01:17 PM

São Paulo — A indiana de agroquímicos UPL quer movimentar pelo menos US$ 15 bilhões em créditos de carbono até 2040, com a retirada de 1 gigaton (1 bilhão de toneladas) de carbono da atmosfera no período. Entre 60% e 70% desse valor será revertido em remuneração adicional aos agricultores, que serão os responsáveis pela geração desses créditos, ficando o restante dividido entre custos de certificação, operação e remuneração dos investimentos antecipados nas fases iniciais.

Os créditos serão gerados em 100 milhões de hectares utilizados para agricultura e pecuária no mundo nas próximas duas décadas. A ideia é que essa área passe a adotar uma metodologia de sequestro de carbono desenvolvida pela equipe de cientistas da UPL em parceria com a Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, e que passa nesse momento por um processo de validação e auditoria junto à certificadoras. Desse total, 20 milhões de hectares estão no Brasil.

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“Até 2024 vamos implementar o projeto em 1 milhão de hectares, dos quais 300 mil estarão no Brasil. O restante ficará distribuído entre Estados Unidos, Argentina, Índia e alguns países da Europa. A partir de 2025 o projeto ganha escala global para alcançar 100 milhões até 2040″, afirma Carlos Pellicer, COO Global da UPL.

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O começo mais tímido do projeto se deve ao fato de ainda serem necessárias melhorias regulatórias do mercado de carbono. Segundo Pellicer, em países como o Brasil, por exemplo, será necessário criar um sistema em que o governo reconheça os créditos gerados pelo projeto e que exista uma forma para comercialização desses créditos.

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Projeto de Lei

Está em tramitação na Câmara dos Deputados o projeto de lei 528/21, que institui o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), que vai regular a compra e venda de créditos de carbono no País. O projeto já foi aprovado pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços e aguarda agora parecer do relator na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Ainda será necessária aprovação das comissões de finanças e tributação e também constituição, justiça e cidadania, para seguir para o Senado e sanção presidencial.

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Futebol abrindo portas

Para acelerar os processos de regulamentação, especialmente junto aos governos, a UPL acertou uma parceria com a Fifa Foundation, braço social da Fifa. A entidade máxima do futebol mundial tem trabalhado para se engajar com temas relacionados ao meio ambiente. Entre algumas das metas está realizar a primeira copa do mundo neutra em carbono no Catar, em 2022.

Ontem (11), o ex-jogador francês Youri Djorkaeff, CEO da Fifa Foundation, e o ex-presidente da Argentina, Mauricio Macri, presidente da entidade, estiveram em São Paulo para o projeto Gigaton Challenge.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.