UE estuda compras conjuntas de gás natural para aliviar crise

A Comissão Europeia deve examinar opções para fortalecer a influência da região nas negociações com fornecedores de países terceiros, como parte de um plano para evitar a crise energética

Estação de compressão da Gazprom, na ponto de partida do gasoduto Nord Stream 2, na Rússia
Por Alberto Nardelli e Ewa Krukowska
08 de Outubro, 2021 | 08:32 AM

O braço executivo da União Europeia vai estudar a possibilidade de governos nacionais comprarem e armazenarem conjuntamente gás natural para aumentar a resiliência energética da região e evitar choques de preços futuros.

A Comissão Europeia deve examinar opções para fortalecer a influência da região nas negociações com fornecedores de países terceiros, como parte de um plano para evitar a crise energética que tem afetado a recuperação econômica. O plano também oferecerá diretrizes sobre como elaborar cortes de impostos, apoio direto aos mais vulneráveis e auxílio estatal para empresas, segundo uma pessoa a par das propostas preliminares da UE.

Cerca de 20 países já tomaram medidas para amenizar o impacto da crise ou estão em processo de fazê-lo, de acordo com a minuta. Essas medidas podem ser financiadas com receitas de leilões públicos de licenças no mercado de carbono da UE e outras ferramentas, como impostos ambientais. A Comissão observa também que os estados membros têm margem de manobra para escolher um fornecedor de último recurso.

Os preços do gás e da energia dispararam para níveis recordes à medida que a Europa se aproxima da temporada de maior demanda por aquecimento no inverno, o que levou alguns gigantes industriais a reduzir a produção e alertar sobre o impacto social devido às contas astronômicas das famílias. A demanda se recupera com a flexibilização das restrições da pandemia e coincide com a oferta limitada da Rússia e da Noruega.

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Embora a Rússia esteja cumprindo suas obrigações contratuais de longo prazo, o país tem fornecido volumes menores do que o esperado devido à escala da demanda atual, ao mesmo tempo que a exportadora russa Gazprom tem pouca ou nenhuma capacidade extra.

Os preços da energia devem cair até abril de 2022, de acordo com a minuta da UE, mas podem permanecer acima da média em comparação com os anos anteriores.

A criação de uma plataforma comum de compra de gás natural foi sugerida nas últimas semanas pelos governos de Madri e Atenas como forma de usar a influência do bloco nas negociações com países terceiros. A ideia não é nova; remonta à última década, quando tal movimento foi impulsionado por um grupo de países da Europa Oriental liderados pela Polônia, que há muito tempo se mostram preocupados com a dependência do bloco da Rússia.

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A proposta de compras conjuntas não conseguiu apoio da maioria dos estados membros na época. A comissária de Energia da UE, Kadri Simson, disse no início desta semana que a complexidade e os obstáculos práticos sempre superaram os benefícios de tal mecanismo.

Líderes da UE discutirão a crise de energia e medidas para reduzir seu impacto na economia quando se reunirem em uma cúpula em Bruxelas nos dias 21 e 22 de outubro.

A Comissão também incentivará estados membros a oferecem ajuda para que as indústrias façam a transição para energias renováveis mais rapidamente. O braço executivo da UE buscará maneiras de ajudar a acelerar e apoiar essa transição nos próximos meses, observando que a energia limpa é o melhor seguro contra choques futuros.

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