Só deu Shell no leilão esvaziado da ANP com 5 blocos arrematados

A 17ª Rodada de Licitações termina com encalhe de 87 blocos. Bônus totaliza R$ 37 milhões, e investimento previsto soma R$ 136 milhões

Shell fez as melhores ofertas por blocos na Bacia de Campos, durante o leilão da ANP
07 de Outubro, 2021 | 04:48 PM

São Paulo — A petroleira anglo-holandesa Shell arrematou, sozinha ou em consórcio, cinco áreas na Bacia de Santos, grande produtora no pré-sal, durante o leilão realizado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), nesta quinta-feira (7). A 17ª Rodada de Licitações irá gerar investimentos de, pelo menos, R$ 136,345 milhões nos primeiros anos dos contratos dos cinco blocos arrematados.

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Apesar desse resultado, o leilão foi considerado um fracasso: só cinco dos 92 blocos previstos receberam ofertas. Devido à pressão de ambientalistas e questionamentos judiciais, os blocos em regiões sensíveis, como áreas próximas ao arquipélago de Fernando de Noronha e ao Atol das Rocas, não receberam ofertas.

Segundo um comunicado da ANP, os investimentos são resultado dos compromissos assumidos pelas empresas vencedoras para a primeira fase do contrato, chamada de fase de exploração. Esses compromissos, na forma de Programa Exploratório Mínimo (PEM), são um dos critérios de escolha das vencedoras. O ágio do PEM, a partir dos mínimos definidos no edital da rodada, foi de 37,76%, informou a agência regulatória. Já o bônus de assinatura arrecadado com os cinco blocos foi de R$ 37,140 milhões.

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O diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, deu explicações para o leilão ter sido esvaziado. “É importante lembrar que essa rodada teve foco em novas fronteiras exploratórias, ou seja, áreas com muito risco para empresas do setor. E, essas empresas definem seus orçamentos no ano anterior. Portanto, fizeram isso quando a situação de pandemia global era mais acentuada”, comentou.

Ele acrescentou que o contexto da indústria internacional do petróleo é ainda bastante desafiador. “Com tudo isso, não havia, nem poderia haver, expectativa de que todos os blocos fossem arrematados. Cada bloco arrematado em uma nova fronteira é uma grande vitória porque, além dos investimentos, representa a abertura de novas possibilidades para futuras licitações”, afirmou.

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Protesto

Representantes de três organizações que protestaram contra o certame, em frente ao hotel onde a ANP realizou a disputa, no Rio de Janeiro, comemoraram o “encalhe” dos blocos de exploração de petróleo nas bacias Potiguar, de Pelotas e de Campos.

A manifestação reuniu ativistas da 350.org, pescadores artesanais da Associação dos Homens e Mulheres do Mar da Baía de Guanabara (Ahomar) e membros do Sindicato dos Pescadores Profissionais e Pescadores Artesanais, Aprendizes de Pesca e Pescadores Amadores do Estado do Rio de Janeiro (SindPesca-RJ).

“Como pescadores artesanais que sofrem há décadas com o vazamento de óleo e as dificuldades de navegação na Baía de Guanabara, somos solidários às comunidades pesqueiras das áreas próximas aos cinco blocos leiloados na Bacia de Santos. Ao mesmo tempo, comemoramos a ausência de ofertas nas outras três bacias, porque sabemos que isso representa pelo menos um momento de tranquilidade para milhares de famílias que vivem da pesca artesanal e do turismo no litoral”, afirmou Alexandre Anderson, presidente da Ahomar, em comunicado

A pressão pela transição energética e pelo meio ambiente ganha cada vez mais força. Não há mais licença social para que empresas com um péssimo histórico ambiental sigam expondo nosso patrimônio natural a riscos e fiquem com os lucros, enquanto agravam a crise climática”, afirmou Ilan Zugman, diretor da 350.org na América Latina, em nota.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.