Gargalos logísticos globais colocam em risco entregas de Natal

Setor varejista começa a sentir pânico antes da temporada de festas por problemas em transporte e produção de mercadorias

Falta de contêineres ameaça compras de final do ano
Por Matthew Townsend e Jordyn Holman e Eliza Ronalds-Hannon
04 de Outubro, 2021 | 01:46 PM

Bloomberg — É início de outubro, apenas o começo do que o mundo do varejo simplesmente chama de “pico”. Mas o setor já sente o pânico que geralmente chega apenas semanas antes do Natal.

No início do ano, a esperança era de que os gargalos que bloquearam as cadeias de suprimentos globais em 2020 já estivessem praticamente eliminados. No entanto, os problemas só pioraram - e muito - e há sinais de que a temporada de fim de ano está em risco.

Na Europa, varejistas como a rede de roupas H&M não conseguem atender à demanda por causa de atrasos nas entregas. Nos Estados Unidos, a Nike cortou a previsão de vendas depois que a Covid-19 fechou fábricas no Vietnã, eliminando meses de produção. A ação da rede de artigos para casa, mesa e banho Bed Bath & Beyond despencaram em meio a problemas de transporte, e o CEO da empresa americana, Mark Tritton, alertou que os gargalos devem durar até o ano que vem. “Há uma pressão generalizada e ouviremos isso de outros.”

Veja mais: Boom de fusões e aquisições deve durar anos, diz Deutsche Bank

PUBLICIDADE

Surtos de Covid fecharam terminais portuários. Ainda não há contêineres de carga suficientes. Com isso, os preços multiplicaram por 10 em relação ao ano anterior. A escassez de mão de obra paralisou caminhões e elevou a oferta de vagas nos EUA para níveis históricos. E isso foi antes de a UPS, Walmart e outras empresas iniciarem a contratação de centenas de milhares de trabalhadores sazonais para enfrentar o pico.

“Trabalho com isso há 43 anos e nunca vi algo tão ruim”, disse Isaac Larian, fundador e CEO da MGA Entertainment, uma das maiores fabricantes de brinquedos do mundo. “Tudo que pode dar errado está dando errado ao mesmo tempo.”

Agora começa a corrida para embarcar mercadorias no trenó do Papai Noel nos Estados Unidos, o que só tende a piorar a situação. Vai ser uma temporada de compras desafiadora, mas que investidores parecem estar ignorando apesar do alerta de analistas sobre o provável impacto nas margens. O índice S&P Retail Select Industry, que engloba 108 empresas dos EUA, incluindo Amazon, Macy’s e Best Buy, subiu cerca de 40% este ano e quase dobrou de preço desde o início de 2020. O valor de mercado combinado é de US$ 3,3 trilhões, pouco abaixo de uma máxima no início deste ano.

PUBLICIDADE

“Os varejistas estão com muita dificuldade para encher as prateleiras”, disse Steve Azarbad, cofundador e diretor de investimentos do fundo de hedge Maglan Capital, que investe em varejistas e empresas em reestruturação. “Converso com muitos fornecedores, e eles dizem: ‘Não consigo atender a todos os pedidos que estou recebendo’.”

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Opep+ avalia plano de produção em momento de controle do mercado