EUA planejam abordar China sobre deficiências de pacto comercial

Autoridade reconhecem que americanos podem precisar de uma nova estratégia perante à recusa chinesa de mudanças

Representante de Comércio dos EUA, Katherine Tai, planeja falar em breve com o vice-premiê chinês, Liu He
Por Jenny Leonard
04 de Outubro, 2021 | 08:58 AM

Bloomberg — O governo Biden negociará diretamente com a China nos próximos dias para assegurar os compromissos do acordo comercial e iniciar um novo processo para excluir certos produtos da cobrança de tarifas dos Estados Unidos, em uma iniciativa para ajudar trabalhadores e empresas americanas, disseram autoridades dos EUA.

A representante de Comércio dos EUA, Katherine Tai, planeja falar em breve com o vice-premiê chinês, Liu He, no que será a primeira reunião na qual serão enfatizadas principalmente deficiências da China no acordo firmado sob o ex-presidente Donald Trump. Tai apresenta as questões na segunda-feira em comentários durante evento no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington.

“Estou empenhada em trabalhar nos muitos desafios que temos pela frente neste processo bilateral a fim de atingir resultados significativos”, disse Tai, segundo trechos de seu discurso. “Mas, acima de tudo, devemos defender - ao máximo - nossos interesses econômicos.”

Veja mais: Dólar forte reduz apelo de arbitragem de juros entre emergentes

PUBLICIDADE

Embora o governo Biden não descarte nenhuma ferramenta na mesa de negociações com o governo de Pequim, uma autoridade americana destacou que os EUA não pretendem escalar a tensão comercial. A autoridade reconheceu que a China pode não mudar suas práticas e, portanto, os EUA precisam de uma estratégia que leve isso em consideração.

O discurso de Tai se concentrará na abordagem do governo Biden para as relações comerciais entre EUA e China, refletindo meses de análises e deliberações internas sobre como lidar com as práticas econômicas do governo chinês.

As duas maiores economias do mundo compartilham a maior relação comercial bilateral, mas estão em desacordo nas frentes econômica, militar e política. Os pontos de tensão incluem bilhões de dólares em tarifas sobre os produtos de ambos os países, preocupação dos EUA sobre a China usar o know-how de tecnologia americana para fortalecer suas Forças Armadas, acusações de trabalho forçado na região de Xinjiang e conflito sobre o fornecimento de equipamentos de telecomunicações de última geração para outros países.

PUBLICIDADE

Autoridades dos EUA dizem que o governo de Pequim não cumpriu os compromissos assumidos no chamado acordo de primeira fase fechado em janeiro de 2020. Certas partes do pacto devem expirar no fim deste ano. A China está muito aquém das metas de compra, nas quais se comprometeu a adquirir US$ 200 bilhões extras em agricultura, energia e produtos manufaturados dos EUA em relação ao nível de 2017 nos dois anos até o final de 2021.

Autoridades do governo não quiseram comentar sobre um cronograma pelo qual desejam ver avanço significativo nos compromissos da China antes que a Casa Branca considere tomar outras medidas.

Uma autoridade disse que quaisquer ações dos EUA dependeriam de como a China responderá ao anúncio de Tai e ao pedido para cumprir o acordo.

Veja mais: Futuros asiáticos apontam para ganhos e dólar detém perdas: o que vem pela frente

Tai e Liu negociarão sob o mecanismo de aplicação do acordo e a chefe de comércio dos EUA também levantará questões sobre políticas industriais da China que afetam trabalhadores e empresas americanas, destacou a fonte.

Processo de exclusão

O Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) também vai restabelecer um processo de exclusão para certos produtos e não descarta novas exclusões no futuro, disse uma autoridade. Não está claro quais produtos se qualificariam para a isenção sob o novo processo ou quando o prazo de solicitação começa.

A comunidade empresarial e muitos parlamentares haviam pedido essas isenções de tarifas ao governo dos EUA.

PUBLICIDADE

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

China toma medidas para proteger Evergrande, mas não salvá-la