Banco PAN, do BTG, fecha compra da Mosaico, desvalorizada 70% após IPO

Negócio, a ser efetivado por incorporação de ações, deve criar plataforma de banking e consumo

Banco PAN compra a Mosaico no momento que a ação da plataforma acumula mais de 70% de desvalorização desde o IPO
04 de Outubro, 2021 | 09:15 AM

São Paulo — O Banco PAN, controlado pelo BTG Pactual, anunciou, na noite de domingo (3), a compra da Mosaico, plataforma digital dona das marcas Zoom, Buscapé e Bondfaro. A instituição financeira diz, em fato relevante, que a operação vai criar “a maior e mais completa plataforma de banking e consumo do Brasil”.

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“Esse ecossistema, impulsinado por tecnologia, viabiliza uma proposta de valor única, envolvendo a escolha e aquisição dos melhores produtos, com cashback sobre o melhor preço e nas melhores condições de crédito e pagamento, seja para os mais de 12,4 milhões de clientes do PAN (base junho/21), seja para os mais de 22 milhões de usuários mensais das plataformas da Mosaico”, afirma o Banco PAN.

O negócio ocorre em um momento em que a Mosaico, que abriu capital no dia 5 de fevereiro, acumulava uma desvalorização de 70,25% em suas ações, na B3, desde o IPO até setembro. MOSI3 integra o grupo de 45 ações de companhias que abriram capital neste ano e que apresentam forte queda no seu valor de mercado. Levantamento realizado pela Bloomberg Línea mostra que a ação da Mosaico é a segunda entre as novatas com maior baixa acumulada entre as empresas que concluíram IPO neste ano.

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Na sexta-feira, a plataforma acatou a renúncia do diretor de relações com investidores, Fernando Tavares de Campos, depois de ter trocado o CEO, no fim de agosto, com a saída de Thiago Flores, subtituído por Mauricio Cascão.

A Mosaico já se preparava para novos tempos, tendo o BTG Pactual como retaguarda. A plataforma tinha acabado de criar uma unidade de serviços financeiros sob a marca Bcash, lançando um cartão de crédito com cashback em co-branding com o BTG +, banco digital do BTG Pactual.

Incorporação de ações

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A operação será concretizada por meio de uma incorporação das ações da Mosaico pelo PAN. Os atuais acionistas da Mosaico vão deter 7,8% do capital social do PAN, segundo fato relevante.

A relação de troca será de 0,8x (MOSI3/BPAN4). Serão emitidas 101.276.624 novas ações do PAN a serem entregues aos acionistas da Mosaico. A incorporação prevê ainda que os acionistas da Mosaico receberão 21.099.296 bônus de subscrição do PAN, sendo que cada bônus dá direito a 0,166667 ação do PAN.

A condição para o exercício dos bônus de subscrição é que, a partir de ontem e até 30 meses do fechamento da operação, o preço de negociação das ações do PAN no encerramento de três pregões consecutivos da B3 tenha se mantido em valor superior a R$ 24. Na última sexta-feira (1), a ação do PAN fechou a R$ 17,31, enquanto o papel da Mosaico encerrou a R$ 12,62.

Fundadores da Mosaico

Segundo o fato relevante, os acionistas fundadores da Mosaico se tornarão executivos do PAN, sendo que um deles será membro do conselho de administração e outro presidente do comitê de e-commerce, com remunerações compatíveis com aquelas dos demais executivos e administradores do PAN.

Também foi informado que os acionistas fundadores da Mosaico estarão sujeitos a lock-up (proibição de vender ações por determinado período) de suas ações que se encerrará dentro de um prazo de 18 a 30 meses a contar do fechamento da operação, e obrigação de não-concorrência, a qual não está sujeita a qualquer tipo de remmuneração.

O fechamento da operação, segundo o fato relevante, está condicionado ao cumprimento de condições suspensivas usuais de mercado, incluindo a obtenção, pela Mosaico e pelo PAN, das aprovações das respectivas assembleias gerais, bem como as aprovações do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e do Banco Central.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.