Bloomberg — A perturbação nos sistemas de saúde em países de baixa renda durante a pandemia causou um aumento no número de mortes entre mulheres e crianças que é mais do que o dobro do número de vítimas da Covid-19, segundo uma nova pesquisa.
As estimativas destacam uma crise que ameaça anos de progresso árduo na melhoria de saúde de mulheres e crianças, de acordo com o Fundo de Financiamento Global, lançado em 2015 pelo Banco Mundial, Nações Unidas e outros.
“A maioria desses países, em média, estava em uma trajetória ascendente”, disse Monique Vledder, chefe da secretaria da instituição, em entrevista. “Este é um grande retrocesso e não pode ser subestimado.”
A Covid-19 prejudicou os serviços de saúde e desviou recursos de outras campanhas importantes em muitas nações vulneráveis nos últimos 18 meses. O mecanismo de financiamento está apoiando os esforços para treinar e proteger os profissionais de saúde, promover o uso de serviços essenciais, lidar com a hesitação vacinal e aumentar o suprimento de oxigênio e sangue, entre outras iniciativas.
O vírus está gerando um grande efeito cascata. O Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária afirmou no início deste mês que a Covid desviou seus esforços “de maneira significativa”. Cerca de um milhão a menos de pessoas com tuberculose foram tratadas em 2020 em comparação a 2019, conforme estimou.
Quando se trata de mulheres e crianças, a diminuição no uso de serviços essenciais de saúde entre março de 2020 e junho de 2021 levou a quase 114.000 mortes adicionais em 18 países, de acordo com as conclusões preliminares deste mês, ainda não revisadas por pares. Isso é equivalente a mais de duas mortes para cada óbito relatado de Covid, mostra a análise financiada pela instituição.
Dificuldades na saúde
Os sistemas de saúde estão tendo dificuldades em enfrentar os desafios colocados pela Covid além de uma série de outras doenças, enquanto os problemas econômicos causados pela pandemia tornam mais difícil para alguns governos pagarem a conta, concluiu o estudo. Interrupções no transporte público, mudanças percebidas na qualidade dos cuidados de saúde e preocupações de contágio em instalações médicas também pesam.
O Fundo de Financiamento Global está fornecendo até US$ 90 milhões para Burkina Faso, Camboja, Gana, Indonésia, Serra Leoa e Uganda, com o objetivo de ajudar os países a lidar com a crise atual, bem como com ameaças de longo prazo.
No início deste ano, o fundo de financiamento citou uma queda de até 25% na cobertura de serviços essenciais de saúde em 36 países e anunciou uma campanha de arrecadação de fundos de US$ 1,2 bilhão. O programa está trabalhando para aumentar o acesso a trabalhadores qualificados para garantir que as mulheres sobrevivam ao parto e os bebês sejam entregues em segurança, bem como para expandir o uso de reidratação oral para tratar diarreias a fim de prevenir uma das principais causas de óbitos na infância.
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