Conferência da Nike revela ‘pesadelo logístico’ e falta de suprimento

Com as compras de fim de ano se aproximando, a empresa corre o risco de ficar com o estoque desabastecido

Gargalos globais afetaram a logística da empresa
Por Kim Bhasin
25 de Setembro, 2021 | 07:48 AM

Bloomberg — Depois de comentar, por alguns minutos, sobre as vitórias nos Jogos Olímpicos, os lançamentos muito aguardados de tênis e um passeio pela sede com LeBron James, os executivos da Nike passaram boa parte do resto de sua conferência trimestral abordando algo muito menos glamouroso: logística.

“Não somos imunes aos ventos desfavoráveis da cadeia de abastecimento global que desafiam a fabricação e a movimentação de produtos em todo o mundo”, disse o CFO Matt Friend na conferência.

A Nike cortou sua projeção de receita e alertou sobre a escassez de estoque nos próximos meses, o que afetará seus negócios em todas as regiões. A confusão decorre dos longos períodos de espera por embarques e das fábricas que foram forçadas a interromper a produção devido a lockdowns por Covid. Isso fez com que a administração buscasse alternativas.

Os executivos disseram que não previam que a situação pioraria nos últimos 90 dias, com paralisações governamentais no Vietnã e na Indonésia e gargalos obstruindo o trânsito ao redor do mundo.

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Eles também detalharam a situação para investidores e analistas. Friend disse que 80% das fábricas de calçados da Nike no Vietnã e quase metade de suas fábricas de roupas estão fechadas, causando um atraso de 10 semanas até agora na produção. A capacidade total demorará meses até se normalizar.

Enquanto isso, o tempo de envio dobrou nas principais rotas da Ásia para a América do Norte devido ao congestionamento nos portos e ferrovias, além da escassez de mão de obra. Produtos que demoravam 40 dias para serem transportados pelo mundo agora demoram 80 dias, deixando os produtos presos em congestionamentos por meses. As margens foram afetadas pelo aumento das sobretaxas do frete marítimo.

“Matt e eu gostaríamos de ter uma bola de cristal, mas não temos”, disse o CEO John Donahoe. “Estamos fazendo o que as grandes equipes esportivas fazem – enfrentar a realidade, fazer ajustes, mostrar agilidade e executar as operações de forma a sairmos mais fortes”.

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Os analistas temem que isso não seja suficiente, especialmente enquanto a Nike caminha para o período crucial de festas de fim de ano, quando o aumento na demanda do consumidor pode congestionar ainda mais os canais de comércio global.

“Tememos que esse problema seja grande demais para ser controlado, mesmo para a marca esportiva mais bem administrada do mundo”, escreveu Camilo Lyon, analista da BTIG, em nota a clientes após a conferência.

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