Aumento da influência militar da China pode ameaçar a economia do Japão

Alerta do primeiro-ministro ocorre antes da reunião do Japão com EUA, Austrália e Índia; caso Evergrande não deve afetar o país se não evoluir para desaceleração geral da economia chinesa

Em entrevista à Bloomberg, Suga afirma que aumento do poderio militar da China pode ameaçar economia do Japão
Por Isabel Reynolds - Kazunori Takada
22 de Setembro, 2021 | 10:20 AM

Bloomberg — A crescente influência militar da China e a mudança unilateral do status quo podem representar um risco para o Japão, disse o primeiro-ministro Yoshihide Suga em uma entrevista à Bloomberg antes da primeira cúpula de Diálogo de Segurança Quadrilateral (Quad, em inglês), que envolve Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia.

A mudança no equilíbrio de poder gerada pela ascensão da China na região do Indo-Pacífico, junto com o aumento do foco interno estimulado pela pandemia, aumentaram a incerteza”, disse Suga antes da primeira reunião presencial do Quad realizada sexta-feira (24) na Casa Branca.

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O grupo de democracias tenta equilibrar a influência cada vez maior da China e seu poderio militar na região. Pequim acusou os EUA de tentar formar uma camarilha.

A mudança do status quo da China com seu poder militar em segundo plano “pode representar um risco para a paz e a prosperidade de nosso país”, acrescentou Suga na entrevista na quarta-feira (22).

Em resposta, o Japão deve fortalecer sua aliança com os EUA para reforçar a dissuasão e também se esforçar para aumentar as próprias capacidades defensivas, disse o primeiro-ministro, acrescentando que ainda é importante que o Japão e a China mantenham o diálogo.

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A viagem do líder japonês aos EUA será a última atividade de seu mandato de um ano; a eleição de 29 de setembro no Partido Liberal Democrata – partido que está no poder – definirá seu sucessor como líder e, portanto, primeiro-ministro.

Considerado um novato diplomático quando assumiu o cargo, Suga presidiu uma deterioração nas relações com a China, maior parceiro comercial do Japão. Os comentários de algumas autoridades do partido governante de Suga sobre a importância de Taiwan para a segurança do Japão somaram-se às tensões, provocando irritação em Pequim, que considera a ilha parte de seu território.

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A reunião do Quad ocorre em um momento em que as perspectivas de cooperação do grupo com outras nações quanto à segurança regional foram ofuscadas por uma controvérsia envolvendo dois de seus membros e a França. A chamada parceria de segurança AUKUS entre EUA, Reino Unido e Austrália visa, em parte, permitir que a Austrália obtenha submarinos com propulsão nuclear – um plano que alguns países asiáticos já afirmaram que pode desencadear uma corrida armamentista na região.

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“Nosso país espera uma cooperação entre países relacionados”, disse Suga quando questionado sobre o AUKUS, destacando a França como um dos países com os quais o Japão deseja cooperar. Quando questionado sobre a controvérsia entre os EUA, a Austrália e a França quanto ao acordo do submarino, Suga disse que os países do G7 concordaram em trabalhar juntos como aliados, e que o presidente Joe Biden fez um discurso nas Nações Unidas enfatizando a importância de manter alianças.

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Confira outros comentários de Suga:

Sobre a Evergrande

Por ser uma incorporadora chinesa, ela investe muito na China. Dessa perspectiva, um impacto direto sobre o Japão é muito improvável. Contudo, se a economia chinesa desacelerasse, isso impactaria não apenas o Japão, mas a economia global, então precisaríamos monitorar de perto e reagir”.

Sobre Taiwan

Nosso país monitora constantemente a mudança no equilíbrio militar entre China e Taiwan, entre outros acontecimentos”, disse. “Esperamos que as duas partes envolvidas resolvam os problemas relacionados a Taiwan abordando-os diretamente”.

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