Bloomberg — A crescente influência militar da China e a mudança unilateral do status quo podem representar um risco para o Japão, disse o primeiro-ministro Yoshihide Suga em uma entrevista à Bloomberg antes da primeira cúpula de Diálogo de Segurança Quadrilateral (Quad, em inglês), que envolve Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia.
“A mudança no equilíbrio de poder gerada pela ascensão da China na região do Indo-Pacífico, junto com o aumento do foco interno estimulado pela pandemia, aumentaram a incerteza”, disse Suga antes da primeira reunião presencial do Quad realizada sexta-feira (24) na Casa Branca.
O grupo de democracias tenta equilibrar a influência cada vez maior da China e seu poderio militar na região. Pequim acusou os EUA de tentar formar uma camarilha.
A mudança do status quo da China com seu poder militar em segundo plano “pode representar um risco para a paz e a prosperidade de nosso país”, acrescentou Suga na entrevista na quarta-feira (22).
Em resposta, o Japão deve fortalecer sua aliança com os EUA para reforçar a dissuasão e também se esforçar para aumentar as próprias capacidades defensivas, disse o primeiro-ministro, acrescentando que ainda é importante que o Japão e a China mantenham o diálogo.
Veja mais: Anúncio de acordo da Evergrande acalma investidores de minério
A viagem do líder japonês aos EUA será a última atividade de seu mandato de um ano; a eleição de 29 de setembro no Partido Liberal Democrata – partido que está no poder – definirá seu sucessor como líder e, portanto, primeiro-ministro.
Considerado um novato diplomático quando assumiu o cargo, Suga presidiu uma deterioração nas relações com a China, maior parceiro comercial do Japão. Os comentários de algumas autoridades do partido governante de Suga sobre a importância de Taiwan para a segurança do Japão somaram-se às tensões, provocando irritação em Pequim, que considera a ilha parte de seu território.
A reunião do Quad ocorre em um momento em que as perspectivas de cooperação do grupo com outras nações quanto à segurança regional foram ofuscadas por uma controvérsia envolvendo dois de seus membros e a França. A chamada parceria de segurança AUKUS entre EUA, Reino Unido e Austrália visa, em parte, permitir que a Austrália obtenha submarinos com propulsão nuclear – um plano que alguns países asiáticos já afirmaram que pode desencadear uma corrida armamentista na região.
Veja mais: Evergrande acende alerta com não pagamento de juros a bancos
“Nosso país espera uma cooperação entre países relacionados”, disse Suga quando questionado sobre o AUKUS, destacando a França como um dos países com os quais o Japão deseja cooperar. Quando questionado sobre a controvérsia entre os EUA, a Austrália e a França quanto ao acordo do submarino, Suga disse que os países do G7 concordaram em trabalhar juntos como aliados, e que o presidente Joe Biden fez um discurso nas Nações Unidas enfatizando a importância de manter alianças.
Confira outros comentários de Suga:
Sobre a Evergrande
“Por ser uma incorporadora chinesa, ela investe muito na China. Dessa perspectiva, um impacto direto sobre o Japão é muito improvável. Contudo, se a economia chinesa desacelerasse, isso impactaria não apenas o Japão, mas a economia global, então precisaríamos monitorar de perto e reagir”.
Sobre Taiwan
“Nosso país monitora constantemente a mudança no equilíbrio militar entre China e Taiwan, entre outros acontecimentos”, disse. “Esperamos que as duas partes envolvidas resolvam os problemas relacionados a Taiwan abordando-os diretamente”.
Veja mais em bloomberg.com
Leia também:
O que é a Super-Quarta e como ela afeta os mercados brasileiros
Bitcoin cai abaixo de US$ 40 mil após críticas de reguladores nos EUA
Evergrande e Fed dividem atenção dos mercados internacionais
© 2021 Bloomberg L.P.