Bloomberg — O presidente americano Joe Biden fez um apelo ao mundo para abandonar os conflitos e caminhar em direção à cooperação contra as ameaças urgentes impostas pela mudança climática e pelas doenças, buscando fortalecer as alianças internacionais abaladas pelos recentes tropeços da política externa dos Estados Unidos.
“Em vez de continuar travando as guerras do passado, estamos voltando nossos olhares e empenhando nossos recursos para os desafios que representam a chave para nosso futuro coletivo”, disse Biden nesa terça-feira (21) em seu primeiro discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.
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Ele descreveu as mudanças climáticas e a prolongada pandemia do coronavírus como “crises urgentes e imediatas, que trazem em si enormes oportunidades”, se o mundo puder “trabalhar em conjunto para aproveitá-las”.
Biden prometeu que os EUA ofereceriam o dobro do apoio a um fundo internacional para auxiliar os países em desenvolvimento a se adaptarem ao aquecimento climático. Em abril, ele comandou a destinação de US$ 5,6 bilhões para esse fim.
O presidente americano alertou que o mundo enfrentará mais pandemias e que, se não forem tomadas medida contra a poluição, a humanidade sofrerá “a marcha impiedosa de secas e inundações cada vez mais graves, incêndios e furacões mais violentos” e a intensificação das ondas de calor e da elevação do nível do mar.
Funcionários da Casa Branca descreveram o discurso de Biden como uma oportunidade de reforçar o compromisso dos EUA com a restauração das instituições internacionais após a abordagem “America First” (“A América em primeiro lugar”) do ex-presidente Donald Trump, e concentrar esforços globais para combater as mudanças climáticas e a Covid-19.
Mas as tentativas do presidente de melhorar a imagem dos EUA diante da comunidade internacional geraram uma indignação crescente em outros países. Alguns líderes estrangeiros ficaram incomodados com a retirada precipitada das tropas americanas do Afeganistão e a França está enfurecida com uma recente aliança de defesa, que exige que os EUA e o Reino Unido forneçam submarinos nucleares para a Austrália.
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O negócio custou a Paris um contrato de US$ 66 bilhões para construir uma frota de submarinos a diesel, na Austrália. Em resposta, a França convocou o embaixador francês em Washington para retornar ao país, na sexta-feira.
As autoridades francesas dizem que foram surpreendidos pelo acordo entre a Austrália e os Estados Unidos. A Casa Branca disse que Sydney é quem teria a obrigação de informar à França que estava encerrando seu negócio para o fornecimento dos submarinos.
Biden se reunirá com os primeiros-ministros da Austrália e do Reino Unido, Scott Morrison e Boris Johnson, hoje (21). O chefe de estado americano e o presidente francês Emmanuel Macron, que não está participando da Assembleia Geral, devem conversar por telefone dentro de alguns dias.
O presidente novamente defendeu a retirada das tropas americanas do Afeganistão e disse que os EUA “continuarão a defender o país e os aliados contra ataques, incluindo ameaças terroristas’'.
“Mas a missão deve ser clara e factível”, acrescentou ele, e “o poderio militar americano deve ser empregado apenas como último recurso, não primeiro.”
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