Aversão ao risco domina mercados e derruba Ibovespa

Proximidade da super-quarta leva principal índice da B3 abaixo dos 109 mil pontos, próximo a níveis do fim do ano passado, derrubado pelo sentimento de receio nos mercados globais

Mau humor global soma preocupações sobre a economia chinesa, agravada pela questão do setor imobiliário, e as diversas decisões de bancos centrais da semana
20 de Setembro, 2021 | 11:17 AM

São Paulo — O início desta semana, que trará pelo menos 15 decisões de bancos centrais ao redor do globo, já tem um sentimento de pé atrás. O Ibovespa cai mais de 2% na primeira hora de pregão, já na faixa dos 108 mil pontos, nível próximo do que era visto no fim do ano passado. Os recuos de Vale e Petrobras são os maiores pesos do índice, com a queda das commodities no exterior, em manhã marcada por feriados nos mercados asiáticos.

Lá fora, mercados americanos e europeus despencam, com a angústia dos investidores sobre o setor imobiliário da China e a expectativa pelo anúncio de redução de estímulos do Federal Reserve.

  • Perto das 10h50, o Ibovespa caía 2,36%, a 108.814 pontos, próximo da mínima do dia, de 108.705 pontos
    • Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) eram os maiores pesos do índice, caindo 2,59% e 2,13%, respectivamente
    • Os futuros do minério de ferro em Singapura caíram para US$ 95 nesta segunda-feira sob a pressão da China para controlar a produção de aço. O minério de ferro se desvalorizou mais de 50% desde que atingiu um recorde em maio
  • Dólar e os juros curtos operavam em alta, com investidores buscando proteção. O câmbio subia 0,89%, a R$ 5,34. O DI para janeiro próximo subia 2 pontos-base, para 7,085%
  • Nos EUA, o Dow Jones cai 1,36%, o S&P 500, 1,52%, e o Nasdaq, 1,81%

Contexto

Lá fora, o S&P 500 tem o maior recuo intradiário desde julho, um teste para a mentalidade de comprar na queda enquanto o índice atinge sua média móvel de 50 dias. Os títulos do Tesouro avançam junto com o dólar antes da reunião do banco central americano de quarta-feira (22), em que devem anunciar um plano de redução dos estímulos.

Na China, cresce a preocupação sobre a incorporadora mais endividada do mundo devido ao silêncio de autoridades sobre uma possível intervenção do governo para evitar um colapso. As incertezas provocaram a maior onda vendedora de ações do setor imobiliário em Hong Kong em mais de um ano e atingiu vários segmentos, como papéis de bancos, de seguradoras como a Ping An Insurance e dívidas de alto rendimento em dólares.

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A Evergrande precisa pagar juros de dois títulos que vencem na quinta-feira, o que será um grande teste para saber se a empresa continuará cumprindo suas obrigações com credores, mesmo com o atraso de pagamentos a bancos, fornecedores e investidores de produtos de investimento onshore na China.

Enquanto isso, a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, serve como plano de fundo, com os principais líderes mundiais entre conversas e discursos públicos pelos próximos dias.

-- Com informações da Bloomberg News

Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.