7 de Setembro: Bolsonaro tenta unir sua base em protestos com país sob tensão

Manifestações no Dia da Independência surgem como indicador do “tudo ou nada” das chances de reeleição; há temor de possíveis confrontos

Jair Bolsonaro saluda durante un desfile militar en la capital, Brasilia.
Por Simone Preissler Iglesias - Daniel Carvalho
06 de Setembro, 2021 | 03:17 PM

Bloomberg — O presidente Jair Bolsonaro convidou os brasileiros a saírem às ruas na terça-feira (7) para demonstrar apoio ao governo. O evento surge como indicador do “tudo ou nada” de suas chances de reeleição e faz o país aguardar possíveis confrontos.

Grupos bancários e industriais pediram calma depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, escreveu um artigo em um jornal no qual destacou que qualquer ação contra a ordem constitucional por parte de grupos armados, civis ou militares constitui crime. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cancelou sua presença em um evento na Áustria para monitorar as manifestações.

Bolsonaro enxerga o 7 de Setembro como uma oportunidade para reunir seus partidários e mostrar que ainda possui apoio de grande número de eleitores, segundo quatro pessoas com acesso ao presidente e a seus filhos. Será uma oportunidade de mostrar que não está sozinho para enfrentar os maiores desafios do país, disseram essas pessoas.

Veja mais: Brasília em Off: 7 de setembro será termômetro do time de Guedes

PUBLICIDADE

Um dos assessores da família de Bolsonaro diz que o objetivo do presidente é evitar uma erosão maior de sua base eleitoral. Apesar de seu índice de aprovação ter atingido 20%, a menor do mandato, a família Bolsonaro acredita que ainda conta com o apoio que lhes permitiria vencer um segundo turno contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas para as eleições de 2022.

“O 7 de Setembro será um marco na renovação da esperança no Brasil porque Bolsonaro é amado, seguido e apoiado pela população”, disse em entrevista o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, um dos membros do gabinete mais próximos do presidente. “Atualmente, não há presidente no mundo mais popular do que ele”.

Bolsonaro pode ser “inabalável”, como afirmou Lorenzoni, mas sua aposta ainda pode sair pela culatra: uma baixa participação na terça-feira seria uma vergonha para o presidente em um momento em que seus problemas se multiplicaram – a inflação disparou, o apoio dos lobbies empresariais e do agronegócio diminuiu, a crise hídrica aumentou as contas de luz dos brasileiros, o preço do gás também subiu, e uma investigação sobre o manejo errático da pandemia continua gerando desgaste para o governo.

Veja mais: Cinco assuntos quentes para o Brasil na próxima semana

O discurso ambivalente do presidente não acalmou as preocupações das autoridades políticas locais de todo o país, que temem que a maior economia da América Latina se torne palco de violentos confrontos. Na semana passada, Bolsonaro disse que as eleições presidenciais terminariam com sua vitória, sua prisão ou sua morte.

Legisladores, juízes e até membros de seu gabinete dizem que ficarão de olho em Bolsonaro para ver até onde ele está disposto a ir para intensificar a crise política no país; e os protestos de terça-feira serão um indicador importante dessa percepção.

Veja mais em bloomberg.com

PUBLICIDADE

Leia também: