Quem vai ganhar a corrida pela liderança do Japão?

Primeiro-ministro do país anunciou que não seria possível focar no combate ao Covid-19 e gerenciar sua campanha eleitoral ao mesmo tempo

Sucessor ainda é incerto
Por Jon Herskovitz
04 de Setembro, 2021 | 12:05 PM

Bloomberg — A decisão surpresa do primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga de efetivamente deixar o cargo ao anunciar que não concorreria na votação para a liderança do partido abre as portas para sua sucessão.

Suga não tinha um sucessor em mente, mas em seu mandato de quase um ano como primeiro-ministro, Taro Kono surgiu como um dos membros mais proeminentes de seu gabinete. Kono planeja concorrer à sucessão de Suga, informou a emissora TBS na sexta-feira. Kono, que atualmente comanda a campanha de vacinação no país, já atuou como ministro das Relações Exteriores e ministro da Defesa.

Até agora, o ex-ministro das Relações Exteriores Fumio Kishida é o único candidato declarado para a disputa pela liderança no Partido Liberal Democrata (LDP, na sigla em inglês), que planeja realizar suas eleições em 29 de setembro.

Veja a lista de candidatos à liderança da terceira maior economia do mundo:

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Taro Kono, 58 anos, ministro da reforma administrativa

Kono, fluente em inglês, é o favorito do público e dos líderes empresariais. Ele defendeu cortes nos gastos com saúde e previdência social, que aumentaram com o envelhecimento da população.

Ele já começou a receber endossos de membros do partido enquanto pretende assumir a liderança do LDP, relatou a emissora TBS sem citar nomes. Kono é membro do braço do LDP liderado pelo ministro da Fazenda Taro Aso e espera apoio do bloco caso concorra.

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Kono também é o político mais seguido do país no Twitter, com amplo apelo à geração mais jovem, impulsionado por seus ataques a práticas antiquadas, como o costume de carimbar documentos oficiais à mão.

Filho e neto de políticos importantes do LDP, Kono frequentou o internato particular Suffield Academy, em Connecticut, antes de entrar na Georgetown University.

Fumio Kishida, 64 anos, ex-ministro das Relações Exteriores

Kishida, de 64 anos de idade, disse nesta semana que queria gastar dezenas de trilhões de ienes para amenizar os prejuízos econômicos da pandemia e fazer com que as pessoas cooperassem com restrições, que visam desacelerar a disseminação do vírus. Ao anunciar sua candidatura na terça-feira, Kishida disse que manteria uma política fiscal e monetária ousada durante a crise de Covid, mas buscaria o equilíbrio fiscal em alguns anos, quando as coisas voltassem ao normal.

Modesto ex-banqueiro, Kishida perdeu para Suga na eleição para a liderança do partido no ano passado. Em 2015, Kishida fechou um acordo histórico com a Coreia do Sul para encerrar uma controvérsia sobre mulheres traficadas em bordéis administrados pelos militares japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. O acordo foi rescindido após a eleição do presidente sul-coreano Moon Jae-in, que argumentou que os dois governos não consultaram as vítimas o suficiente.

Shigeru Ishiba, 64 anos, ex-ministro da Defesa

Ishiba, ex-ministro da Defesa, é frequentemente indicado como uma das escolhas mais populares para o próximo primeiro-ministro em enquetes da mídia. Ele concorreu contra Suga há um ano, mas não declarou sua candidatura desta vez.

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Ele apoiou políticas econômicas consideradas mais populistas que Suga e pediu a recuperação da demanda interna – principalmente nas regiões – para estimular o crescimento, em vez de depender do comércio exterior. No âmbito internacional, Ishiba mostrou um comportamento conciliatório em relação à China e expressou cautela sobre a mudança da constituição pacifista do país para esclarecer a situação legal dos militares.

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Candidatos menos populares, mas que podem surpreender

  • Cogita-se que o ex-primeiro ministro Shinzo Abe, que deixou o cargo há um ano por motivos de saúde, pode voltar. Mas nem o partido nem o público anseiam por sua volta.
  • A ex-ministra do Interior Sanae Takaichi também disse que deseja concorrer e ser a primeira mulher a atuar como primeira-ministra. Porém não conta com muito apoio de seu partido.

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