Escassez no abastecimento global e variante delta assolam as fábricas

PMIs da Ásia indicam contração na região; na Europa, grandes empresas já anunciam que problemas na cadeia de abastecimento devem ser duradouros

A escassez no abastecimento pode persistir em 2022 ou até mais, segundo grandes empresas como a Siemens AG
Por Alexander Weber e Zoe Schneeweiss
01 de Setembro, 2021 | 08:17 PM

Bloomberg — Os pedidos nas fábricas aumentam enquanto empresas em todo o mundo se esforçam para atender à demanda em meio a uma mistura prejudicial de coronavírus e gargalos generalizados nas cadeias de abastecimento.

Na Europa, os pedidos não atendidos chegaram a um nível sem precedentes em agosto, segundo pesquisa da IHS Markit com gerentes de compras. As tensões estão abalando a confiança na Alemanha, onde grandes empresas, como BMW e Siemens, alertaram que os problemas de abastecimento podem persistir no próximo ano ou até por mais tempo.

Na Ásia, a situação está sendo agravada por um dos piores surtos de Covid-19 do mundo. Os transtornos causados pelos lockdowns forçaram as fábricas a interromper ou reduzir sua produção, e pesquisas indicam contração em vários países.

A combinação da variante delta do coronavírus, a escassez de peças e matérias-primas e a falta de capacidade de transporte está criando obstáculos preocupantes para o comércio mundial de mercadorias, que, no início da pandemia, havia sido um pilar da economia global.

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Os PMIs (em inglês, Purchasing Manager’s Index, um dos indicadores de atividade econômica de um país) da Indonésia, Vietnã, Tailândia, Filipinas e Malásia ficaram muito abaixo do limite de 50 pontos que separa a contração da expansão, declarou a IHS Markit na quarta-feira. Na Europa, a atividade industrial da área do euro caiu de 62,8, no mês anterior, para 61,4.

A Markit disse que os números da área do euro são “sinais claros de fortes restrições de capacidade” e sugere que o ritmo de recuperação do crescimento atingiu o máximo.

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“Nossa referência é que o problema da cadeia de abastecimento não vai piorar, mas vai demorar um pouco até que as coisas melhorem”, disse Felix Huefner, economista-chefe para a Alemanha no UBS Group AG. “Se houver uma desaceleração mais intensa na Ásia e as restrições mais rigorosas agravarem o problema, o cenário seria de riscos”.

Uma economia mundial interconectada significa que interrupções isoladas – desde fechamentos de fábricas a transtornos em portos – podem refletir rapidamente nas cadeias de abastecimento. Tudo isso está acontecendo em um momento especialmente delicado para o comércio global, enquanto compradores estrangeiros correm para garantir que suas prateleiras sejam estocadas a tempo para a temporada de compras de fim de ano.

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O que diz a Bloomberg Economics:

“Os PMIs de agosto da Ásia mostram que o surto da variante delta afetou as economias da região, sendo o setor de serviços o mais impactado. Esse ponto fraco pode fazer com que governos e bancos centrais de algumas economias aumentem o apoio ao crescimento”, escreveu a economista-chefe da Bloomberg LP para a Ásia, Chang Shu.

Nos EUA, o relatório do PMI industrial de agosto deve constatar uma desaceleração da atividade. Segundo a Bloomberg Economics, a pesquisa também vai “reforçar que as cadeias de abastecimento espaçadas estão afetando o crescimento econômico”.

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