Índia solicita que montadoras reduzam dependência de importações da China

Conflitos com o país devido à disputa da fronteira com o Himalaia é um dos motivos para governo indiano preferir a produção local

País não é o único a tomar essa decisão
Por Ragini Saxena
26 de Agosto, 2021 | 07:41 PM

Bloomberg — A Índia está solicitando que as montadoras nacionais reduzam as importações de componentes de veículos elétricos e outras peças automotivas da China enquanto a terceira maior economia da Ásia busca reformular suas cadeias de suprimento.

“É importante fabricar aqui no país alguns componentes automotivos importados da China puramente devido ao preço competitivo e as capacidades de desenvolvimento”, disse Amitabh Kant, diretor-presidente do órgão legislador do governo indiano Niti Aayog. “Não devemos nos tornar um país que importa muitos componentes de veículos elétricos como já somos no setor de energia solar”.

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A Índia tenta diversificar suas cadeias de suprimento e levá-las para longe da China após confrontos entre os dois países mais populosos do mundo na disputada fronteira com o Himalaia no ano passado. A pandemia de Covid-19 e as tensões comerciais globais com a China intensificaram a necessidade de países de todo o mundo retirarem suas unidades de fabricação do país para mitigar os riscos cadeia de suprimentos.

Kant disse que a Índia depende da China no que diz respeito a ímãs utilizados nos motores de veículos elétricos, componentes baseados em semicondutores e outras peças elétricas. Essa parte “não deve ser apenas minimizada, e sim eliminada”, disse ele em um evento organizado pela Associação de Fabricantes de Componentes Automotivos da Índia na quinta-feira.

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“É necessário mitigar os riscos na cadeia de suprimento ao aumentar a produção local, reduzindo a independência de importações – quero dizer, importações da China”, disse Kant.

Com a transição agora inevitável para veículos elétricos, Kant disse que “os fabricantes indianos devem interpretar objetivamente os sinais e visar garantir uma posição estratégica na cadeia de valor global”.

Embora o governo indiano esteja pressionando as fabricantes locais a migrarem para veículos elétricos, a mudança ocorre muito mais lentamente que em outros países; os modelos com bateria representam apenas 1% das vendas anuais de veículos. A maioria das montadoras tradicionais da Índia estão hesitantes em fazer a mudança devido à escassa infraestrutura de carregamento e ao alto preço dos modelos elétricos.

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A Maruti Suzuki India Ltd., maior montadora do país em entregas, não produz nenhum veículo elétrico devido ao custo.

“A eletrificação só pode acontecer em grande escala na Índia quando o cliente descobrir que é do seu interesse comprar um veículo elétrico em vez de um com motor de combustão interna”, disse o presidente R C Bhargava no mesmo evento. “Considerando o estado da infraestrutura em diversas áreas, o processo levará algum tempo, e o motor de combustão interna continuará sendo produzido por muitos anos”.

Por sua vez, a Mahindra & Mahindra Ltd., vende apenas um modelo de carro de passeio elétrico, o e-Verito, feito sob encomenda para entrega a granel para organizações e também para clientes pessoa física. A Tata Motors Ltd. Lidera o setor em ascensão com o sucesso de vendas Nexon.

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“Se empresas estabelecidos não migrarem para veículos elétricos, você verá startups inovando, e elas irão captar um segmento muito grande do mercado”, disse Kant.

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