Perdas de dívida corporativa chinesa afetam ganhos de emergentes

Investidores acumulam perdas de 10% este ano em títulos corporativos chineses, o pior desempenho de países em desenvolvimento

Apesar do risco, o tamanho da China muitas vezes deixa pouca alternativa para gestores de ativos
Por Selcuk Gokoluk e Alice Huang
19 de Agosto, 2021 | 10:07 AM

Bloomberg — A onda vendedora de dívida corporativa da China liderada por incorporadoras em crise do país pesa sobre os retornos de mercados emergentes globais neste ano e eleva os prêmios de risco.

Investidores acumulam perdas de 10% este ano em títulos corporativos chineses em dólares com grau especulativo, o pior desempenho de países em desenvolvimento. Essas perdas se espalharam além do mercado nacional de aproximadamente US$ 860 bilhões de títulos em dólares, e investidores globais foram atingidos: a China tem um peso de quase 30% no índice Bloomberg Barclays EM USD Aggregate Corporate.

A confiança dos investidores foi atingida pelos sinais de crise em alguns dos maiores emissores de dívida de alto rendimento da Ásia. Dúvidas sobre a saúde financeira da gigante imobiliária China Evergrande abalaram o mercado de crédito offshore do país em julho, e alguns títulos da Evergrande perderam metade do valor desde o fim de maio. Especulações sobre a gestora de ativos de dívida podre China Huarong Asset Management, que tem apoio do governo, aumentou a ansiedade dos investidores.

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A repressão da China em vários setores também ajudou a impulsionar as vendas de títulos em dólares dos emissores do país - seis dos dez piores desempenhos no Índice Bloomberg Barclays deste ano são títulos da China.

O prêmio de risco buscado sobre a dívida corporativa denominada em dólares da China era de 533 pontos-base na quarta-feira, maior do que o da Nigéria, Ucrânia e Bahrein e mais do que o triplo dos spreads da dívida russa. O spread médio de mercados emergentes subiu para 3,6 pontos percentuais em 30 de julho, o maior nível em oito meses. O retorno deste ano está em 0,5%, em comparação com 8,1% para todo o ano de 2020.

Apesar do risco, o tamanho da China muitas vezes deixa pouca alternativa para gestores de ativos, que têm pouca escolha a não ser enfrentar os períodos de turbulência e manter a exposição.

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