BNDES realiza 1ª estruturação de debêntures de infraestrutura com emissão da Gás Natural Açu

Joint venture formada pela Prumo Logística, Siemens e SPIC Brasil capta R$ 1,8 bilhão em operação liderada pelo BTG Pactual

BNDES justifica emissão da Gás Natural Açu como parte de estratégia para incentivar mercado de capitais
06 de Agosto, 2021 | 03:45 PM

São Paulo — O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou, nesta sexta-feira (6), que realizou sua primeira estruturação de debêntures dentro de sua estratégia de atuar em parceria com o mercado de capitais, com o objetivo de incentivar e alavancar o potencial impacto dos empréstimos.

A instituição participou da emissão total da Gás Natural Açu (GNA), no valor de R$ 1,8 bilhão, em uma operação que teve o BTG Pactual como coordenador-líder, além do BNP Paribas, do Bradesco e do ABC Brasil como coordenadores no sindicato.

A GNA é uma joint venture formada pela Prumo Logística, BP, Siemens e SPIC Brasil, dedicada ao desenvolvimento, implantação e operação de projetos estruturantes e sustentáveis de energia e gás. A empresa constrói no Porto do Açu (RJ) o maior parque termelétrico a gás natural da América Latina.

Em comunicado, o BNDES disse que também investiu R$ 550 milhões nas debêntures incentivadas para a UTE GNA I, usina térmica a gás natural, localizada no Porto do Açu, em São João da Barra, no Norte do Estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de “dar confiança à empresa e aos investidores de que haverá demanda”.

PUBLICIDADE

“É a primeira vez que o BNDES tem seu nome figurando em uma escritura de Debêntures de Infraestrutura, chancelando a emissão de forma a atrair mais investidores para cofinanciar o projeto. Em 18 de maio deste ano, o colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizou o Banco a participar do sistema de distribuição de valores mobiliários prestando serviços de estruturação, coordenação e distribuição desses ativos”, informou o BNDES.

Investimentos verdes

A operação foi estruturada no âmbito do produto BNDES Debêntures Sustentáveis e de Infraestrutura, que tem como finalidade a alocação de capital de longo prazo em investimentos verdes, de infraestrutura ou que contribuam para o atingimento das metas de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. As debêntures da GNA terão prazo total de 18 anos e serão remuneradas a IPCA + 5,92% ao ano. O prazo total supera em 58% a média dos prazos dos títulos emitidos em 2020 (11,6 anos).

PUBLICIDADE

A GNA I foi a primeira termelétrica movida a GNL (Gás Natural Liquefeito) financiada pelo BNDES. Além da usina, os recursos viabilizaram a instalação de terminal de recebimento, armazenamento e regaseificação do GNL e 52,6 km de linhas de transmissão, estabelecendo conexão com a Subestação de Campos e, de lá, com o Sistema Interligado Nacional (SIN), informa o BNDES.

Segundo o banco público de fomento, a iniciativa representa um esforço de refinanciamento do empreendimento, que já contou com créditos de R$ 1,76 bilhão do BNDES, com garantias do banco alemão KfW IPEX-Bank, e de US$ 288 milhões da International Finance Corporation (IFC), em 2018. Com a nova transação, o IFC deixa a base de credores do projeto, informou o BNDES.

Para a companhia, a operação representa um alongamento da dívida em cinco anos (até 2039) a um custo menor. Uma menor parte dos recursos obtidos com a emissão também será alocada em despesas relativas à construção da usina e em custos da transação.

O BNDES também financiou a GNA II (crédito de R$ 3,9 bilhões), segunda usina do complexo termelétrico a gás natural, que é o maior do gênero na América Latina. Ela terá uma capacidade instalada de 1.672,6 MW, o suficiente para suprir a necessidade de 7,5 milhões de domicílios, informou o banco de fomento.

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.