SpaceX paga US$ 17 bi por espectro da EchoStar para avançar em rede móvel

Negócio prevê o pagamento de US$ 8,5 bi em dinheiro e o restante em ações da SpaceX; aquisição ocorre após a EchoStar ter vendido espectro de US$ 23 bi à AT&T em meio a pressão regulatória e risco de quebra

Por

Bloomberg — A SpaceX, empresa de Elon Musk que controla a rede de satélites Starlink, concordou em adquirir espectro sem fio da EchoStar, de Charlie Ergen, por cerca de US$ 17 bilhões em dinheiro e ações.

A SpaceX comprou as licenças de espectro AWS-4 e H-block da EchoStar, segundo comunicado desta segunda-feira, que confirmou uma reportagem anterior da Bloomberg News. O pagamento será de até US$ 8,5 bilhões em dinheiro e até US$ 8,5 bilhões em ações da SpaceX.

As ações da EchoStar chegaram a subir 64% no pré-mercado desta segunda-feira. A empresa informou que usará os recursos da transação para quitar parte de sua dívida, além de financiar operações e iniciativas de crescimento.

Leia também: Starlink fecha acordos de Wi-Fi em voos nos EUA e na Europa. Agora mira Oriente Médio

A SpaceX também concordou em arcar com um total de cerca de US$ 2 bilhões em pagamentos de juros em dinheiro sobre a dívida da EchoStar até novembro de 2027.

Operadoras de satélite como a SpaceX, que buscam oferecer serviço móvel direto ao dispositivo a partir do espaço, normalmente precisam se associar a pelo menos uma operadora móvel que detenha licenças terrestres.

Atualmente, a SpaceX tem uma parceria com a T-Mobile, mas essa aquisição de espectro permitirá que a empresa ofereça seus serviços de forma mais independente.

A transação, junto com uma venda recente de espectro para a AT&T, deve resolver questionamentos da Comissão Federal de Comunicações (FCC), segundo a EchoStar.

A FCC havia aberto uma investigação em maio para avaliar se a EchoStar estava cumprindo suas obrigações relacionadas aos direitos sobre espectro sem fio e de satélite.

A agência designou a faixa AWS-4, também conhecida como banda de 2 GHz, para transmissões móveis terrestres, bem como para tráfego entre satélites e infraestrutura terrestre.

Em 2011, Charlie Ergen adquiriu os direitos de toda essa faixa das empresas DBSD e Terrestar, que haviam entrado em falência.

O regulador iniciou a revisão das licenças da EchoStar no início deste ano, após reclamação da SpaceX de que a empresa não estava utilizando seus valiosos ativos de espectro.

Na primavera, a SpaceX pediu à comissão que concedesse suas solicitações pendentes para acesso compartilhado à banda de 2 GHz.

Segundo a Bloomberg News, reguladores federais pressionaram a EchoStar a vender parte de suas frequências. A empresa deixou de pagar títulos e chegou a considerar pedir falência, e disse que a investigação havia prejudicado sua capacidade de decidir sobre sua rede 5G.

Leia também: Apple e SpaceX trabalham para incluir rede da Starlink no iPhone, dizem fontes

No mês passado, a EchoStar concordou em vender licenças de espectro para a AT&T por cerca de US$ 23 bilhões. Esses ativos já haviam sido oferecidos a potenciais compradores, como a Starlink, segundo a Bloomberg News.

Desde que lançou seu primeiro satélite Starlink em 2019, a SpaceX já havia conquistado cerca de 5 milhões de clientes em mais de 100 países até junho, superando amplamente seus concorrentes.

Naquele mês, também obteve autorização regulatória na Índia, abrindo caminho para a oferta de seus serviços de internet via satélite no país.

— Com a colaboração de Subrat Patnaik.

Veja mais em bloomberg.com