Para Itaú BBA, Nvidia é ‘double outperform’ e se tornou mais que uma empresa de chips

Em relatório após evento em San Jose nesta semana, analistas argumentam que a companhia se tornou ‘centro da gravidade’ da IA e pode capturar diversas oportunidades de monetização

Jensen Huang Nvidia CEO GTC 2024
21 de Março, 2024 | 01:07 PM

Bloomberg Línea — O avanço da Nvidia (NVDA) tem colocado a empresa no centro da inovação global, não apenas em inteligência artificial mas em outros campos como robótica e até medicina especializada.

Essa é a visão de analistas de equity research do Itaú BBA depois de participar de evento anual da empresa nesta semana em San Jose, no Vale do Silício, no qual a companhia apresentou suas novas soluções voltadas para inteligência artificial, robótica e imagens computacionais.

“No início desta semana, um de nossos vendedores afirmou que a NVDA merece uma nova categoria de classificação - um ‘duplo outperform’. Após dois dias participando do GTC [nome do evento da Nvidia], concordamos com essa afirmação”, afirmaram analistas liderados por Thiago Alves Kapulskis em relatório divulgado nesta quarta-feira (20).

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Durante a conferência, da qual a Bloomberg Línea participou, a Nvidia apresentou seus novos modelos de GPUs (processadores gráficos) e conjuntos de processamento de alta capacidade, bem como outras soluções de software para inteligência artificial.

Segundo a empresa, o novo conjunto B200, equipado com a nova GPU Blackwell, traz um ganho de 30 vezes na execução de sistemas de IA generativa.

Em conversa com jornalistas, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, defendeu a tese de que os novos data centers vão funcionar como fábricas de inteligência artificial, porque serão usadas para construir modelos representativos de objetos e estruturas físicas.

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A avaliação dos analistas do Itaú BBA é a de que a Nvidia deixou de ser “apenas” uma fabricante de semicondutores e chips para atuar como uma plataforma de soluções tecnológicas para diversas camadas, desde o hardware a linguagens de programação que permitem a criação de modelos virtuais digitais de objetos e estruturas físicas operacionais.

“Nossa percepção é que a NVIDIA está claramente no centro da inovação em todos esses espaços, que incluem a inteligência artificial, mas vão além. A empresa não apenas está projetando os chips mas também contribuindo em todas as áreas mencionadas anteriormente, incluindo serviços de engenharia para empresas que visam ser alternativas de ponta em muitos campos diferentes”, afirmaram os analistas.

Para o Itaú BBA, as ações da empresa não estão caras, como alguns analistas do mercado argumentam. Os papéis da companhia subiram 239% em 2023 e acumulavam variação de 79% em 2024 até esta quarta-feira (20), sendo um dos principais responsáveis pelos ganhos do S&P 500 e do Nasdaq.

Os analistas argumentam que a empresa tem se posicionado como o “centro da gravidade” da inteligência artificial e pode haver múltiplas formas de monetizar a oportunidade com o avanço da tecnologia.

“No final do dia, a NVIDIA está reconstruindo a história das máquinas de computação sessenta anos após o surgimento das CPUs, criando sistemas operacionais para múltiplos mercados finais para resolver os problemas mais difíceis da humanidade, desde a previsão de mudanças climáticas até a robótica humanoide”, apontaram os analistas do Itaú.

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Filipe Serrano

É editor da Bloomberg Línea Brasil e jornalista especializado na cobertura de macroeconomia, negócios, internacional e tecnologia. Foi editor de economia no jornal O Estado de S. Paulo, e editor na Exame e na revista INFO, da Editora Abril. Tem pós-graduação em Relações Internacionais pela FGV-SP, e graduação em Jornalismo pela PUC-SP.