iFood e Prosus criam modelo proprietário de IA para atender pedidos via WhatsApp

Treinado com trilhões de dados, o modelo proprietário da Prosus e iFood busca acelerar a forma de fazer pedidos, por voz ou texto, e abrir nova fase da experiência conversacional

Entregador do iFood
10 de Outubro, 2025 | 06:00 AM

Bloomberg Línea — O iFood decidiu apostar em um assistente de inteligência artificial generativa capaz de compreender contextos e preferências pessoais, em um passo na expansão do seu serviço de delivery, informou a empresa nesta nesta sexta-feira (10).

O agente, chamado de Ailo, é sustentado por um novo modelo proprietário de IA desenvolvido em parceria com a controladora Prosus, o Large Commerce Model (LCM).

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O produto opera por texto e voz, tanto no aplicativo quanto no WhatsApp, e inaugura uma fase de experiência conversacional no iFood, ampliando os pontos de contato com os usuários.

A empresa planeja levar a tecnologia a outros canais no médio prazo, como a Alexa e automóveis conectados.

Em versão beta desde meados deste ano, o Ailo foi testado por mais de 70.000 pessoas. “Sabemos que o iFood hoje é um monstro e que os usuários encontram literalmente de tudo no aplicativo. O Ailo ajuda esse usuário a não precisar passar por todas as opções e entrega o que ele realmente procura”, afirma Isabella Piratininga, diretora de transformação disruptiva do iFood.

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Segundo dados da companhia, após mais de 100.000 interações nos últimos meses, os primeiros resultados apontam que as chances de compra foram 48% maiores com o uso do Ailo, em comparação ao fluxo tradicional do app. A jornada de compra — da sugestão ao pagamento — também ficou 33% mais rápida no WhatsApp.

“O diferencial que estamos entregando é um conhecimento muito profundo de quem realmente é esse usuário”, diz Piratininga. “O Ailo entende pedidos abertos, como ‘quero um jantar romântico’, e interpreta o contexto com base no perfil e nas preferências dessa pessoa.”

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Os testes no aplicativo serão ampliados ao longo dos próximos meses.

De acordo com números do iFood, após mais de 100 mil interações nos últimos meses, os primeiros resultados apontam que as chances dos usuários fazerem compras é 48% maior, em comparação com o fluxo tradicional do app

Um novo sistema

Por trás da novidade está o LCM, um modelo de IA desenvolvido para criar interações mais conectadas aos hábitos e comportamentos dos consumidores.

Segundo a empresa, o sistema foi treinado a partir de bilhões de interações reais — incluindo cliques, buscas, cancelamentos e avaliações — e conta com memória de longo prazo, o que permite reconhecer padrões e interpretar intenções de compra com base na cultura brasileira.

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De acordo com a Prosus, a infraestrutura do LCM reúne dados de transações comerciais de mais de 500 milhões de usuários globalmente e cerca de 10 trilhões de tokens.

O modelo foi desenvolvido ao longo dos últimos 12 meses, desenhado para atender todo o ecossistema da holding, que inclui companhias como Decolar, Sympla e OLX na América Latina.

O iFood é a primeira empresa do grupo a colocar o LCM em operação. Além do Ailo, a plataforma comandada por Diego Barreto testa cerca de dez outros projetos baseados no modelo, entre eles o uso de IA para gerar notificações personalizadas aos usuários.

“As personalizações nos permitiram multiplicar por quatro o volume de pedidos gerados por notificações personalizadas e reduzir em 60 vezes o custo operacional em relação a outros modelos generativos internacionais”, diz Tiago Cardoso, diretor de Dados e IA/ML do iFood.

As companhias não informaram os valores que estão investindo para o que consideram a entrada na “era dos agentes”. Recentemente, o iFood anunciou investimentos da ordem de R$ 17 milhões ao longo deste ano fiscal, que se encerra em março de 2026.

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