Google considera cobrar por ferramentas ‘premium’ de busca com IA, diz jornal

Segundo fontes disseram ao Financial Times, engenheiros estão desenvolvendo a tecnologia para lançar o serviço, mas os executivos ainda não decidiram se ou quando lançá-lo

Esta seria a primeira vez que a empresa colocaria algum de seus produtos principais atrás de um paywall
Por Davey Alba - Julia Love
04 de Abril, 2024 | 08:44 AM

Bloomberg — O Google (GOOGL) está considerando cobrar por novos recursos “premium” executados por inteligência artificial, segundo o jornal Financial Times, marcando a primeira vez que a empresa colocaria algum de seus produtos principais atrás de um paywall.

O gigante da tecnologia está avaliando opções como adicionar determinados recursos de busca de IA aos seus serviços de assinatura premium, relatou o FT, citando três pessoas não identificadas familiarizadas com os planos.

Os engenheiros estão desenvolvendo a tecnologia para lançar o serviço, mas os executivos ainda não decidiram se ou quando lançá-lo, segundo a reportagem. O mecanismo de busca onipresente do Google continuaria sendo gratuito e os anúncios apareceriam junto com os resultados da pesquisa, mesmo para assinantes, disse o FT.

Leia também: Apple negocia parceria com o Google para embarcar IA do Gemini em iPhones

PUBLICIDADE

“Continuamos a melhorar rapidamente o produto para atender às novas necessidades dos usuários”, disse um porta-voz. “Não estamos trabalhando ou considerando uma experiência de busca sem anúncios. Como fizemos muitas vezes antes, continuaremos a desenvolver novas capacidades e serviços premium para aprimorar nossas ofertas de assinatura em toda o Google.”

A possível movimentação sugere que a unidade da Alphabet ainda não descobriu como incorporar a nova tecnologia, de rápido crescimento, sem ameaçar seu negócio essencial de publicidade. As ações caíram menos de 1% após o fechamento dos negócios na quarta-feira (3), após a notícia ser divulgada.

Desde o lançamento do ChatGPT pela OpenAI no final de 2022, o Google se viu na defensiva diante do chatbot extremamente popular.

A habilidade do ChatGPT de fornecer respostas a consultas em uma voz narrativa forçou o Google a repensar sua lista tradicional de links azuis para sites e os lucrativos anúncios que aparecem ao lado deles. Enquanto isso, nos últimos anos, uma nova safra de startups de busca surgiu.

Serviço de assinatura do Google lançado em fevereiro permite que usuários acessem a versão mais avançada do chatbot

Algumas tentaram persuadir os usuários a se inscreverem em assinaturas pagas para acessar recursos de busca de IA generativa ou para obter melhores proteções de privacidade.

IA e rentabilidade

No ano passado, o Google começou a testar seu próprio serviço de busca alimentado por IA que combina a narrativa personalizada e detalhada, além de links para sites e publicidade. Mas tem sido lento para incorporar recursos de sua “experiência de busca generativa” experimental ao mecanismo de busca principal.

Em fevereiro, o Google adicionou um novo nível pago ao seu serviço de assinatura para consumidores que dá às pessoas acesso ao seu modelo de IA mais recente, o Gemini.

PUBLICIDADE

Usuários que pagam por essa assinatura, chamada Google One AI Premium, podem usar seu chatbot avançado Gemini e acessar o modelo de IA generativa em serviços populares como Gmail e Google Docs.

Usar a tecnologia de IA generativa para alimentar consultas de busca é “extremamente caro”, disse um ex-funcionário do Google que trabalhou nos produtos de busca da empresa.

As equipes regularmente realizavam testes de referência em consultas aleatórias internamente para medir o quão rapidamente o mecanismo de busca do Google podia entregar resultados — mas eles não realizavam os mesmos testes para o produto de busca alimentado por IA do Google em parte porque era muito caro, disse o ex-funcionário.

Após o surgimento do ChatGPT, o Google reorientou suas equipes para implantar mais pessoas para trabalhar na experiência alimentada por IA, de acordo com outro ex-funcionário do Google. Embora o feedback inicial fosse positivo, o alto custo provavelmente influenciou na decisão de não lançá-lo mais amplamente, disse a pessoa.

Para o Google, cobrar por determinados recursos de busca de IA poderia ajudar a empresa a obter alguma receita adicional, sem canibalizar seu principal negócio de publicidade de busca, segundo Mandeep Singh, analista da Bloomberg Intelligence.

“Dado que a OpenAI atingiu uma taxa de execução de assinaturas de US$ 2 bilhões com consumidores, acreditamos que a Alphabet poderia ver um impulso semelhante para suas vendas de assinaturas de US$ 15 bilhões”, escreveu o analista em um e-mail.

Veja mais em bloomberg.com