Em Wimbledon, câmeras com sistema de IA vão substituir juízes de linha

Tradicional torneio de Grand Slam disputado na grama, que começa em 30 de junho, adotará totalmente a marcação de linha eletrônica, de uma empresa subsidiária da Sony

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Bloomberg — Juízes de linha humanos, vestidos com camisas listradas impecáveis ​​e calças brancas, estarão ausentes de Wimbledon este ano. Em vez disso, 12 câmeras ficarão na quadra para decidir se a bola caiu dentro ou fora.

O tradicional torneio de tênis que faz parte do Grand Slam - e que começa em 30 de junho - adotará totalmente a marcação de linha eletrônica, como um serviço gratuito da Hawk-Eye Innovations, subsidiária da Sony.

A empresa, sediada em Basingstoke, na Inglaterra, usa inteligência artificial (IA) para identificar a trajetória da bola e fornecer análise de jogo e arbitragem em 25 esportes, incluindo beisebol e futebol.

A demanda é forte em parte devido à crescente pressão para encurtar as partidas e manter os espectadores engajados, de acordo com Fumiatsu Hirai, chefe da divisão de Esportes e Entretenimento da Sony.

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Outro fator é a escassez de árbitros desde a pandemia, que provocou uma onda de pedidos de demissões, disse ele.

Árbitros humanos também enfrentam agora muito mais hostilidade — até ameaças de morte — à medida que o bullying online e as apostas esportivas se tornam comuns.

“Os pedidos por automação estão cada vez mais fortes”, afirmou Hirai.

O contrato de Wimbledon é uma vitória para o esforço de anos da Sony para fortalecer suas ofertas de entretenimento com aquisições de empresas de tecnologia esportiva.

A empresa, sediada em Tóquio, está ansiosa por realizar novos acordos para expandir seu portfólio em tecnologia relacionada ao esporte, disse Hirai.

“Se houver algo atrativo, gostaríamos de fazer”, afirmou ele sobre a possibilidade de novas aquisições, sem entrar em detalhes.

Em 2011, a Sony comprou a Hawk-Eye, uma empresa fundada em 2001 por cientistas que pesquisavam trajetórias de foguetes.

Seu sistema de marcação de linha — que utiliza dados de câmera para determinar instantaneamente onde a bola cai e a posição dos pés de um jogador durante o saque — já é usado no Australia Open e no US Open, e Wimbledon já utilizou a tecnologia da empresa para auxiliar árbitros e juízes.

O sistema da Hawk-Eye também deverá fornecer medições virtuais dos avanços da linha ofensiva para a National Football League (NFL) este ano.

A divisão esportiva da Sony — que teve vendas inferiores a ¥ 20 bilhões (US$ 140 milhões) no ano fiscal encerrado em março de 2022 — é uma pequena parte do portfólio de negócios da Sony, que gera vendas anuais em torno de ¥ 13 trilhões com operações que vão de jogos e música a filmes e semicondutores.

Mas o negócio esportivo está crescendo de forma constante, superando a meta de crescimento anual da divisão de 17% nos cinco anos até março de 2027, de acordo com Hirai, que não divulgou mais detalhes.

Após a aquisição da Hawk-Eye, a Sony comprou a empresa de análise de dados Beyond Sports em 2022 para oferecer entretenimento esportivo mais imersivo. Em 2024, adquiriu a KinaTrax, que utiliza tecnologia de captura de movimento para fornecer dados de desempenho biomecânico aos atletas.

O mercado esportivo global deve crescer para cerca de US$ 651 bilhões até 2028, um aumento de mais de 30% em comparação com 2023, de acordo com a Research and Markets, empresa de projeções do setor com sede em Dublin.

As equipes estão utilizando dados biométricos para melhorar as condições físicas e mentais dos atletas.

A Hawk-Eye, que também oferece transmissão esportiva interativa por meio de sua unidade Pulselive, agora lidera o campo da tecnologia esportiva, de acordo com Mitsuru Tanaka, professor associado da Universidade Shobi.

Essa liderança foi demonstrada com a decisão da Major League Baseball (MLB), há alguns anos, de trocar o sistema baseado em radar da empresa dinamarquesa TrackMan pelo sistema da Hawk-Eye para rastreamento de bola e jogadores, observou ele.

Contudo, o ritmo da inovação e as baixas barreiras de entrada representam riscos, afirmou Tanaka. “Permanece o risco de a Hawk-Eye perder sua vantagem no mercado com o surgimento de uma tecnologia superior”, acrescentou ele.

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