Digitalização avança nos bancos da América Latina. Mas apenas 35% usam IA, diz estudo

Levantamento da Infocorp com mais de 100 executivos de 17 países evidencia avanços na digitalização bancária, mas destaca entraves culturais e regulatórios à adoção de IA

 28% dos entrevistados citam a cultura interna como o principal desafio para a adoção de novas tecnologias.
24 de Julho, 2025 | 10:17 AM

Leia esta notícia em

Espanhol

Em um momento em que a digitalização é fundamental para competir no mercado financeiro, 87% dos bancos da América Latina e do Caribe aumentaram seu investimento em tecnologia em 2024, e 44% planejam ampliá-lo até 2025.

Essas informações constam no relatório “Latin American Digital Banking Study” realizado pela Infocorp, uma empresa multinacional com sede no Uruguai que fornece serviços digitais na região.

PUBLICIDADE

Leia também: HSBC: força na China e tecnologia para produtos reforçam expansão, diz CEO no Brasil

Com uma pesquisa envolvendo mais de 100 líderes do setor bancário de 17 países, os dados revelam como os bancos se adaptaram às novas tendências tecnológicas no ano passado, mas também mostram os desafios que ainda precisam ser superados, incluindo a adoção da inteligência artificial.

“Embora a digitalização bancária não seja mais opcional, ainda há desafios internos significativos relacionados à cultura organizacional, personalização eficaz e adaptação ágil às mudanças regulatórias", disse Ana Inés Echavarren, CEO da empresa, em um comunicado.

PUBLICIDADE

Serviços digitais

De acordo com a Infocorp, os resultados da pesquisa mostram um progresso significativo na digitalização dos serviços dos bancos na América Latina e no Caribe.

Quais tecnologias você usa ou planeja usar?

Entre as ferramentas ou estratégias tecnológicas que os bancos da região estão implementando ou planejam implementar em um futuro próximo estão: análise de dados, inteligência artificial e automação, CRM e personalização, comunicação multicanal e segurança.

Leia também: CEO do Itaú aposta em agente de investimento com IA: jornada é de experimentação

PUBLICIDADE

Segundo o estudo, 80% dos bancos pesquisados consideram importante aproveitar a IA e o aprendizado de máquina para personalização e eficiência operacional nos próximos anos, enquanto 11% se concentrarão no uso de blockchain para fins de transparência e segurança, e 9% se concentrarão na criação de novos pontos de contato com seus clientes.

“À medida que os bancos avançam em direção à transformação digital, estamos vendo que a chave será oferecer uma experiência digital personalizada e inteligente, usando inteligência artificial e o uso adequado da análise de dados”, explica Echavarren.

Barreiras culturais: o principal obstáculo

Apesar de 80% dos executivos do setor bancário pesquisados acreditarem que a IA e o aprendizado de máquina serão as ferramentas estratégicas para se diferenciarem em termos de eficiência e personalização, a Infocorp observa que apenas 35% dos bancos estão realmente implementando isso.

PUBLICIDADE

23% dos líderes que participaram do estudo consideram a infraestrutura tecnológica como um dos obstáculos que impedem a adoção de novas tecnologias; 20% culpam a falta de orçamento; mas 28%, a maioria, citam a cultura interna como o principal desafio.

Leia também: Bancos de Wall St devem fechar 200 mil vagas com avanço da IA, aponta instituto

“As barreiras culturais internas continuam sendo o maior desafio para a inovação, revelando que a transformação digital exige primeiro a superação da resistência interna, em vez de desafios técnicos ou financeiros”, segundo o estudo.

Outro fator que reflete essa resistência é que, embora 85% dos bancos da região trabalhem com fintechs para inovar seus serviços digitais, 12% das instituições resistem e preferem manter sua estrutura tradicional.

Quanto à implementação do modelo de Open Banking, o estudo observa que a maioria dos bancos ainda está nos estágios iniciais ou intermediários, “mostrando que ainda prevalece a incerteza operacional e estratégica sobre como tirar o máximo proveito desse novo modelo de negócios".

As mudanças regulatórias em cada país também representam um desafio para as instituições bancárias: 45% consideram esse elemento como o principal desafio quando se trata de cumprir as normas regulatórias. Echavarren argumenta que “o verdadeiro desafio está na agilidade para adaptar rapidamente os processos internos e cumprir as novas exigências regulatórias”.

Apesar dos desafios existentes, os bancos da América Latina e do Caribe estão concentrados em melhorar os modelos atuais, priorizando a expansão digital, modernizando os canais e fortalecendo a segurança, em busca de um futuro digital mais eficiente e seguro.

39% dos bancos latino-americanos estão explorando o modelo de Banking as a Service (BaaS) como um negócio emergente e 27% estão buscando formar parcerias com empresas de tecnologiaintechs para desenvolver novos produtos digitais.

Nesse sentido, Echavarren comenta que essas projeções demonstram que os bancos estão buscando expandir seu alcance estratégico por meio de ecossistemas abertos, “reconhecendo que o futuro está na colaboração e não na concorrência direta”.

Por fim, o CEO da Infocorp reflete que os bancos que oferecem uma experiência móvel 100% digital superior, independentemente dos produtos financeiros que oferecem, são os que vencerão a batalha pelos clientes.

Erika Astudillo

Periodista ecuatoriana con 10 años de experiencia en diferentes medios de comunicación nacionales. Máster Erasmus Mundus en Periodismo, Medios y Globalización con una especialización en periodismo económico.