Bloomberg Línea — A BRQ Digital Solutions, empresa focada em projetos de transformação digital, adquiriu a weme, estúdio de design estratégico com foco em produtos digitais. O valor da operação não foi divulgado.
Trata-se do movimento mais recente da BRQ para consolidar sua posição como uma provedora de serviços para grandes empresas em transformação digital, combinando experiência em tecnologia, design e inteligência artificial generativa.
A entrada da weme para o ecossistema de BRQ procura gerar robustez a um trabalho que a empresa comandada por Rodrigo Frizzi já desenvolvia dentro de casa.
“A weme chega para elevar nosso centro de excelência em design e experiência”, afirmou Frizzi, CEO da BRQ, em entrevista à Bloomberg Línea.
“A BRQ traz muito o aporte de tecnologia e uma capacidade de execução muito grande, de implementação da tecnologia na dose correta. E a weme atua muito mais em uma etapa inicial, no desafio de negócio. Nos ajuda a pensar um pouco mais na estratégia, no design estratégico e na experiência do consumidor final.”
A operação da weme continuará independente e sob o comando dos sócios-fundadores: Carolina Kia, Wagner Foschini e Maurício Bueno, que ocupa a posição de CEO desde o ano passado.
As duas empresas se aproximaram nos últimos anos durante o novo ciclo de transformação digital, no pós-pandemia, e do avanço de novas tecnologias, com foco em hiperpersonalização e experiência dos usuários. O contato foi revelando aos poucos o potencial de conexão entre os dois universos.
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Uma sinergia mais evidente vem da penetração que as duas empresas têm no mundo das finanças. Tanto a BRQ, que nasceu em 1993 dentro do que é hoje o Itaú Unibanco, quanto a weme, com clientes como BTG Pactual e Visa, fazem a maior parte dos produtos e de suas receita nesse segmento.
“Nós temos crescido nos últimos anos acima de 50%. E hoje 70 % do nosso negócio vem de clientes do setor financeiro, que é a nossa frente mais forte”, afirmou Bueno.
A weme conta atualmente com um time com mais de 100 profissionais e desenvolve projetos para mais de 200 clientes.
Outro paralelo entre as duas companhias é o avanço nos seus projetos de internacionalização.
A BRQ começou ainda em 2008, quando abriu um escritório em nos Estados Unidos, mercado que representa 10% do negócio. Somando outros mercados, a receita gerada fora do Brasil chega a 15%. A companhia encerrou o ano de 2024 com R$ 582 milhões em receita líquida.
“Nós sabemos que o que nós executamos hoje lá fora é ainda só o início dessa nossa jornada de expansão”, disse Frizzi.
“A chegada da weme amplia a nossa capacidade de ser um parceiro global muito mais interessante.”
No caso da weme, os projetos na América Latina e na Europa são predominantes - a empresa mantém um escritório em Lisboa, Portugal.

Agora, com as duas empresas juntas, um dos objetivos é destravar mais valor com produtos de IA generativa, um mercado no qual a BRQ entrou “de cabeça” em 2022 com a criação da plataforma Fusion e para o qual tem desenvolvido projetos de eficiência, agentes de IA e hiperpersonalização.
A empresa está por trás do Pitch Maker, o agente de IA de investimentos lançado pelo Santander.
No começo de julho, a BRQ anunciou a captação de R$ 100 milhões em uma linha de financiamento com o BNDES para acelerar o desenvolvimento de produtos. Isso inclui softwares e criação de processos para diferentes setores da economia, como o financeiro e ainda os de saúde, energia, seguros, varejo, agrícola e telecom, vistos como avenidas de crescimento.
“Esse investimento está sendo 100 % aplicado na evolução da nossa plataforma. Nós temos feito muitas coisas, mas sabíamos que precisávamos subir um pouco a barra para estarmos preparados para esse novo jogo com GenIA”, afirmou Frizzi.
A aquisição da weme marca o retorno da BRQ às compras após três anos. Em 2022, adquiriu a QDois, empresa de análise de dados e transformação digital. De acordo com Frizzi, o braço de M&A da empresa continua atento a oportunidades.
“Estamos ativamente trabalhando e olhando para o mercado no Brasil e no exterior”, afirmou. A busca atual é por ativos que ampliem as áreas de competências da empresa e contribuam para a conquista de novos mercados.
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