Startup de RH Sólides mira receitas de R$ 1 bi até 2028 com apoio do Warburg Pincus

Em entrevista à Bloomberg Línea, a CEO Mônica Hauck e o co-CEO Alê Garcia explicam como pretendem sustentar o ritmo acelerado de expansão depois de crescer quatro vezes o faturamento desde o aporte do fundo americano em 2022

Sao Paulo
03 de Julho, 2025 | 08:37 AM

Bloomberg Línea — Com investimento e apoio do Warburg Pincus, a startup brasileira Sólides tem crescido em um ritmo acelerado nos últimos anos, o que a coloca na direção de alcançar um faturamento anual de R$ 1 bilhão até 2028, segundo disseram seus fundadores em entrevista à Bloomberg Línea.

A empresa de tecnologia, que desenvolve soluções de recursos humanos, multiplicou o faturamento por quatro vezes desde 2021, pouco antes de receber um aporte de US$ 100 milhões em uma rodada Série B do gigante de private equity americano, de acordo com Mônica Hauck, cofundadora e CEO.

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A empreendedora não divulga os valores atuais, mas disse que as receitas da Sólides tiveram um aumento de 65% no ano passado e caminham para uma expansão de outros 50% em 2025. Os primeiros seis meses do ano tiveram um ritmo de crescimento até mais alto do que o esperado.

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“Desde 2021, nós desenhamos uma trajetória de crescimento que aponta que chegaríamos a 2028 com R$ 1 bilhão em faturamento. Estamos bem em linha com o projetado”, disse a CEO, revelando a projeção publicamente pela primeira vez.

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“É óbvio que teremos muitos desafios pela frente. Quando falamos de Brasil, não é fácil. Mas estamos muito confiantes por causa das oportunidades, de novos produtos e de como o mercado tem recebido as soluções.”

Mônica Hauck, cofundadora e CEO, e Alessandro (Alê) Garcia, cofundador e co-CEO, da startup brasileira Sólides

Fundada em 2015, a Sólides tem se apoiado em uma tese de oferecer serviços de gestão de pessoas em uma só plataforma digital, mirando especialmente pequenas e médias empresas. Atualmente, a startup conta com 40.000 clientes e adiciona cerca de 1.200 novos compradores por mês, segundo a fundadora.

A empreendedora disse ver como mercado potencial todo o universo de cerca de 3 milhões de PMEs no Brasil, que nem sempre têm um departamento de recursos humanos estruturado.

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O objetivo é que as soluções ajudem pequenos e médios empreendedores a fazer essa gestão de pessoas, com aumento de produtividade e redução da rotatividade de pessoal. “Até hoje, nosso maior concorrente se chama Excel”, disse Hauck.

Expansão na base e no topo da pirâmide

A estratégia da startup para alcançar o faturamento de R$ 1 bilhão está baseada principalmente em duas frentes, que envolvem o topo e a base da pirâmide.

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De um lado, a empresa busca crescer entre as empresas de maior porte, com mais de 1.000 colaboradores. Isso tem sido feito desde a aquisição, no ano passado, da RH Gestor, outra startup do segmento que atuava com empresas maiores.

Segundo a fundadora, a expectativa é a de um crescimento de 150% no faturamento relacionado aos serviços da RH Gestor neste ano.

De outro lado, a startup tem desenvolvido soluções para atender empresas ainda menores, como pequenos comércios e estabelecimentos com poucos funcionários. Nesse sentido, a empresa criou uma ferramenta que utiliza o WhatsApp para oferecer serviços de RH.

Batizada de Start, a solução inicialmente tem como enfoque o processo de recrutamento e seleção.

A ferramenta utiliza um sistema de inteligência artificial para responder mensagens de donos dos estabelecimentos pelo WhatsApp, ajuda a encontrar candidatos e a tomar decisões no processo de seleção.

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“O foco do Start são empresas muito pequenas, que têm entre 5 e 30 colaboradores. Ele vai ser o RH dessas empresas, usando o nosso know-how, a nossa metodologia de gestão de pessoas, de forma automatizada”, disse Alê Garcia, co-CEO e cofundador da empresa.

Apesar de o tíquete médio desse segmento ser menor, a expansão com o serviço deve permitir que a startup acelere o ritmo de aquisição de clientes. A expectativa dos empreendedores é que o número de novos clientes por mês suba dos atuais 1.200 para mais de 2.000 até o fim do ano.

Mais importante que o IPO

Com os planos de crescimento acelerado até 2028, os executivos da Sólides não descartam a possibilidade de uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) no futuro, mas dizem que isso não está no radar neste momento.

Mônica Hauck disse que realizar um IPO é algo que depende mais das condições de mercado.

Ela disse que, no momento, tem focado nas questões sobre as quais têm controle, que é ter uma operação com boas margens de lucro e crescimento consistente, perseguindo os “melhores números” no mercado.

“Nosso foco está em ser essa empresa consistente e confiável do ponto de vista do investidor, seja ele o investidor de capital aberto ou capital fechado”, disse a CEO. “Com janela ou não, sempre fazemos esse exercício de estarmos prontos.”

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Filipe Serrano

É editor sênior da Bloomberg Línea Brasil e jornalista especializado na cobertura de macroeconomia, negócios, internacional e tecnologia. Foi editor de economia no jornal O Estado de S. Paulo, e editor na Exame e na revista INFO, da Editora Abril. Tem pós-graduação em Relações Internacionais pela FGV-SP, e graduação em Jornalismo pela PUC-SP.