Rodadas da semana: startups no Brasil captam R$ 2,1 bilhões no terceiro trimestre

Na semana, Credix foi destaque ao levantar R$ 400 milhões, em captação que combinou cerca de R$ 30 milhões em equity e R$ 370 milhões em dívida por meio de FIDC

No Brasil, os principais aportes foram para startups de tecnologia da informação e produtos financeiros, que capturam mais de 80% dos recursos (Foto: Victor Moriyama/Bloomberg)
08 de Novembro, 2025 | 07:51 AM

Bloomberg Línea — A indústria de venture capital do Brasil deu sinais de recuperação no terceiro trimestre de 2025. Com R$ 2,1 bilhões aportados em 27 transações, o setor registrou crescimento de 23% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo relatório da ABVCAP em parceria com a TTR Data.

O movimento contraria a tendência de ressaca global que atingiu até mesmo os Estados Unidos, onde a captação recuou para os menores níveis desde 2017.

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No Brasil, os principais aportes foram para startups de tecnologia da informação e produtos financeiros, que capturam mais de 80% dos recursos.

As captações da QI Tech, em rodada de R$ 350 milhões com General Atlantic e Across Capital, e da NG.Cash, de 147 milhões, liderada pela NEA (New Enterprise Associates), contribuíram com destaque para o avanço.

Mesmo com o mercado de IPOs ainda “congelado”, fundos realizaram 18 operações de saídas que movimentaram R$ 2,88 bilhões entre junho e setembro. Foram 14 vendas para investidores estratégicos e quatro secundárias, com a negociação de participação com outros fundos.

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Os números também avançaram no mercado de private equity (PE) com fundos que aportaram R$ 2 bilhões, distribuídos por 17 operações. O valor representa uma alta de 33% na comparação com o terceiro trimestre de 2024.

Veja as principais rodadas da semana:

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Credix

A Credix, fintech que utiliza inteligência artificial para fornecer crédito a pequenas e médias empresas no Brasil, captou R$ 500 milhões em capital e dívida.

A rodada de equity de US$ 6 milhões foi liderada pela unidade de high growth do Patria Investimentos e contou com a participação de Valor Capital, ParaFi Capital e Polígono Capital (joint venture entre BTG Asset Management e Prisma Capital).

Adicionalmente, a empresa levantou R$ 470 milhões em dívida por meio de um FIDC, com investimentos da Polígono e da BTG Asset.

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Fundada em novembro de 2021 em Antuérpia, na Bélgica, a Credix agora tem seu escritório principal em São Paulo.

A empresa concedeu R$ 275 milhões em crédito nos últimos 12 meses e tem como objetivo atingir R$ 1 bilhão em empréstimos nos próximos 12 meses.

A fintech desenvolveu o CrediPay, uma plataforma e infraestrutura de crédito proprietária baseada em dados e inteligência artificial para automatizar o processo de crédito.

Empresas como a unidade da Volvo no Brasil são clientes, permitindo que pequenas e médias companhias que compram pneus, motores ou autopeças paguem suas compras em parcelas.

Entre os investidores atuais estão Motive Partners, Marcelo Claure (presidente do conselho da Shein na América Latina e sócio fundador da Bicycle Capital) e Ricardo Villela Marino (acionista e vice-presidente do conselho do Itaú Unibanco).

Os recursos captados serão investidos principalmente na presença e escritório no Brasil.

Cyan Analytics

Empresa de inteligência climática aplicada ao agronegócio e a infraestrutura, crédito e seguros, a Cyan Analytics captou R$ 2 milhões em rodada estruturada pela Arara Seed, plataforma brasileira dedicada a agro, food e climate techs.

O investimento foi liderado pela Córdoba Industrial, companhia nacional de tecnologia de filtragem para o setor bioenergético com presença em 27 países.

O aporte poderá chegar a R$ 4 milhões e marca o início de uma nova fase de expansão da startup.

A Cyan dobrou a receita entre 2023 e 2024 e projeta ultrapassar R$ 10 milhões em receita em 2025. A empresa cresceu com recursos próprios, mas recorreu ao mercado de investimento para acelerar o ritmo e desenvolver novos produtos.

Com a Córdoba Industrial, prevê o desenvolvimento de soluções para previsão de chuvas em áreas de cana-de-açúcar, que abrangem desde tecnologias de ponta para predição de produtividade quanto ferramentas acessíveis para o médio produtor rural.

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