Bloomberg Línea — A América Latina recebeu US$ 1,2 bilhão de investimento em 228 deals para fintechs no ano passado, abaixo dos US$ 3,8 bilhões em 2022, segundo dados do CB Insights no relatório 2023 State of Fintech.
O começo de 2024 sinaliza, no entanto, uma atividade mais aquecida. Na primeira quinzena de janeiro, startups como a Pomelo e a Lina atraíram investimento de capital de risco para a região.
A Kaszek, que participou da nova rodada da Pomelo, foi também o principal investidor no setor em LatAm no quarto trimestre de 2023, com três investidas.
Segundo o relatório, a América Latina recebeu US$ 400 milhões em investimento para fintechs em 53 transações no último trimestre de 2023, o equivalente a 7% dos acordos do trimestre no mundo. A região teve uma mega-rodada, de US$ 200 milhões, da QI Tech, que se tornou um unicórnio, como são chamadas as startups que alcançam um valuation igual ou acima US$ 1 bilhão.
Conheça mais das empresas que levantaram fundos nos últimos dias:
Gabriel
A Gabriel, uma startup de câmeras de segurança, captou R$ 35 milhões em aporte liderado pela Astella e pela Qualcomm Ventures, com follow-on de investidores atuais. SoftBank, Canary, LTS, Globo Ventures, Norte e Endeavor fazem parte do cap table da startup.
A empresa, cujo nome é uma referência à proteção do “Anjo Gabriel”, oferece um sistema que integra câmeras inteligentes com a polícia. O novo aporte será investido na consolidação da empresa na cidade de São Paulo e no lançamento em mais uma capital - ela está presente também no Rio de Janeiro.
A Gabriel foi fundada em 2020 por Erick Coser e Otávio Costa Miranda e conta com um software de visualização de imagens construído pela empresa. Segundo a startup, as câmeras de vigilância da Gabriel são de 10 a 30 vezes mais densas que as de posse do poder público em regiões como a zona sul do Rio de Janeiro e a zona oeste de São Paulo. Com essa capacidade, a startup diz ser capaz de oferecer suporte a investigações complexas em conjunto com a polícia em poucos minutos.
Nos últimos meses a empresa disse que colaborou com a investigação de mais de 3 mil ocorrências policiais que resultaram na prisão de membros de mais de 200 quadrilhas e na comprovação da inocência de outras 7 pessoas.
Pomelo
A Pomelo, uma startup argentina que desenvolve infraestrutura tecnológica para emissão, processamento e gestão de pagamentos com cartões na América Latina, anunciou nesta semana sua rodada de investimento Série B no valor de US$ 40 milhões, liderada pela Kaszek.
O aporte foi destacado por Gastón Irigoyen, CEO e um dos fundadores da empresa, por acontecer em um momento de liquidez ainda reduzida no mercado de venture capital.
A empresa, nascida em Buenos Aires, registrou crescimento em suas operações em 2023 e recentemente decidiu expandir seu mercado para o Chile. Em 2024, de acordo com seus líderes, a aposta é consolidar o progresso para alcançar a rentabilidade.
A empresa está presente em seis países diferentes da região e conta com mais de 120 clientes. Santiago Witis, country manager para Argentina e Chile, destacou que, particularmente no primeiro mercado, há expectativas no setor devido ao avanço das medidas promovidas pelo governo de Javier Milei.
Lina
A Lina, uma startup que pretende ser um “braço” do Open Finance para instituições financeiras e seguradoras, recebeu R$ 8 milhões em investimento liderado pela MSW Capital.
O aporte se deu por meio do fundo MSW Multicorp 2, que investe em startups de base tecnológica com sinergia com os seus investidores: BB Seguros, Baterias Moura, AgeRio e Embraer.
A infratech provedora de tecnologia de compartilhamento de dados e serviços foi fundada por executivos do mercado financeiro em 2020. A startup já fez parcerias estratégicas com B3, TecBan e RTM.
Em comunicado à imprensa, a Lina disse que está trilhando um caminho para o mercado de seguros com o Open Insurance, serviço terá a capacidade de se integrar ao Open Banking, em um ecossistema mais abrangente de compartilhamento de dados conhecido.
Esse ecossistema engloba informações bancárias, empresariais, comerciais e financeiras de indivíduos, empresas e negócios, proporcionando uma visão mais ampla e integrada do histórico financeiro e securitário de indivíduos e empresas brasileiras.
Genial Care
A healthtech Genial Care, de cuidados para crianças com autismo, recebeu um aporte de R$ 35 milhões em rodada liderada pelo fundo General Catalyst, com participações de Atlantico, Canary, IKJ Health Innovation, 1616 e SSV Capital.
A rodada também contou com investidores individuais do mercado de saúde, como Mauro Figueiredo (ex-CEO de Fleury, OdontoPrev e DaVita) e João Alceu Amoroso Lima (ex-presidente da FenaSaúde e ex-CEO de Qualicorp e SulAmérica).
O valuation da Genial Care - que não foi divulgado - permanece o mesmo em comparação com a rodada anterior de investimento. A empresa de saúde projeta um aumento de faturamento em quatro vezes e espera atingir o breakeven em 2025.
“Com o aporte, vamos investir em ferramentas e soluções escaláveis para atender a crescente demanda na área do autismo”, disse o fundador e CEO da Genial Care, Kenny Laplante, em comunicado. O executivo destacou que os grandes focos de investimento serão no núcleo de capacitação clínica da healthtech, a Genial Care Academy, e na consolidação da rede de terapeutas.
“Direcionaremos os esforços em tecnologia para automatizar e ganhar produtividade nos treinamentos e nos desenvolvimentos dos terapeutas e para otimizar o processo de intervenção, como na coleta de dados e informações. Tudo isso com o objetivo de direcionar o crescimento da rede de terapeutas para nos tornarmos a escolha óbvia de todas as operadoras”, disse o fundador.
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