Rodadas da Semana: QI Tech e Tako recebem investimentos e lideram os aportes

Fintechs e plataformas de IA levantam quase R$ 700 milhões para transformar estruturas que operam nos bastidores: da folha de pagamento à concessão de crédito e à custódia de FIDCs

Visa da São Paulo: A QI Tech captou cerca de US$ 63 milhões para acelerar seu portfólio de produtos e ampliar a estratégia de aquisições. (Foto: Paulo Fridman/Bloomberg)
02 de Agosto, 2025 | 06:00 AM

Bloomberg Línea — Com a Série B da QI Tech e a estreia dos agentes treinados com regras trabalhistas da Tako, a semana trouxe uma nova leva de investimentos que reforçam duas grandes apostas do mercado.

A primeira é o avanço da infraestrutura para serviços financeiros e, a segunda, o uso estratégico da inteligência artificial para automatizar operações críticas nas empresas.

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A QI Tech, maior custodiante de FIDCs do Brasil, captou US$ 63 milhões com a General Atlantic para acelerar seu portfólio de produtos e ampliar a estratégia de aquisições. Já a Tako, que procurar mexer no backoffice dos processos de gestão de pessoas, levantou R$ 100 milhões.

Ainda na interseção entre crédito e tecnologia, a fintech Juvo arrecadou R$ 205 milhões em uma nova estrutura de FIDC somada a uma rodada de equity.

Veja abaixo os principais aportes da semana e como este novo capital será empregado pelas startups.

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QI Tech

A QI Tech, fintech brasileira de infraestrutura para serviços financeiros, captou US$ 63 milhões - cerca de R$ 350 milhões - em uma nova extensão de sua Série B, liderada pela General Atlantic, fundo que havia aportado mais de US$ 200 milhões na empresa em 2023.

Os novos recursos serão usados para acelerar o desenvolvimento de produtos, fortalecer a presença da empresa na transformação digital da economia real e ampliar a capacidade de caixa para futuras aquisições.

A fintech tem como estratégia a diversificação de serviços e a consolidação do setor por meio de M&As. Desde 2021, comprou três empresas: a Zaig (antifraude e crédito), a corretora Singulare (2023) e o Builders Bank (Banking as a Service).

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Após a aquisição da Singulare, tornou-se a maior custodiante de FIDCs do Brasil, com mais de US$ 17 bilhões sob gestão, segundo a Anbima.

A QI Tech também lançou recentemente soluções de “seguros as a service”, que já emitiram mais de R$ 150 milhões em prêmios, e está desenvolvendo uma nova infraestrutura para câmbio digital.

Tako

A Tako, plataforma de IA com foco nos processos de gestão de pessoas, captou R$ 100 milhões em uma rodada série A liderada pela Ribbit Capital, com participação da a16z e da ONEVC.

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Fundada por Sebastián Mejía (cofundador da Rappi) e Fernando Gadotti (cofundador da DogHero), a startup estreia seus primeiros agentes de inteligência artificial treinados com as regras trabalhistas brasileiras, integrados à sua plataforma de folha de pagamento e compliance.

Os novos agentes da Tako são capazes de automatizar tarefas operacionais como lançamentos, revisões e consultas em linguagem natural sobre a folha, reduzindo o tempo de fechamento de duas semanas para algumas horas. Segundo a empresa, seus clientes já economizaram mais de 5.000 dias úteis com a automação de rotinas antes feitas manualmente.

Desde o lançamento, a Tako já processou mais de R$ 1 bilhão em folhas de pagamento e agora prepara novos agentes voltados a pagamentos, conformidade, benefícios e políticas internas. A startup atende desde empresas de médio porte com soluções completas até grandes companhias que integram os agentes à sua infraestrutura existente.

Com o novo capital, a Tako pretende escalar sua plataforma e ampliar o uso de agentes de IA para transformar a forma como empresas operam em um ambiente regulatório complexo como o brasileiro.

Juvo

A fintech Juvo, especializada em microcrédito, levantou um valor de R$ 205 milhões, entre dívida e equity. Fundada por Steve Polsky, a Juvo utiliza inteligência artificial para construir perfis de risco e concedeu R$ 1,6 bilhão em crédito, com empréstimos de até R$ 4.500 e taxas abaixo da média do mercado.

Os produtos da fintech incluem crédito pessoal com celular como garantia e adiantamento de recarga em parcerias white label com operadoras de telecom, serviço que atende mais de 100 mil pessoas por dia. Ao todo, mais de 20 milhões de brasileiros estão na base da startup.

No recente anúncio, R$ 140 milhões foram levantados com uma nova série do seu FIDC (Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios). O montante restante de R$ 65 milhões foi captado com a conclusão de uma rodada de equity. Desde a fundação, a startup levantou R$ 750 milhões usando instrumentos de dívida e participação.

Os recursos serão usados para ampliar a oferta de crédito pessoal voltada à população desbancarizada e com pouco acesso a serviços financeiros tradicionais.

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Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark