Bloomberg Línea — O mercado de venture capital no Brasil voltou a atrair investimentos de valores mais elevados nesta semana, com transações relevantes em diferentes estágios e setores. A Omie, plataforma de gestão para PMEs criada por Marcelo Lombardo, ficou com a maior captação, em uma rodada Série D de US$ 150 milhões.
Com o investimento, a startup atrai um novo acionista para o negócio: o Partners Group. A gestora suíça liderou a rodada com um aporte de US$ 100 milhões, ficou com 15% da startup e deu saída parcial a outros investidores.
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Na semana, o Vivo Ventures também anunciou o seu maior investimento desde a fundação em 2022. O fundo de corporate venture capital (CVC) da Vivo aportou R$ 35 milhões no Asaas, fintech de soluções financeiras para pequenas e médias empresas.
Veja abaixo os principais aportes da semana:
Omie
O suíça Partners Group comprou 15% da Omie, plataforma de gestão para pequenas e médias empresas, em uma transação que avaliou a companhia em cerca de US$ 700 milhões.
O movimento integra uma rodada Série D de US$ 150 milhões, da qual a Partners liderou com US$ 100 milhões. O aporte foi majoritariamente secundário e permitiu a saída parcial de investidores como SoftBank, Riverwood e Astella, que seguem entre os acionistas.
A Omie registrou receita recorrente anual próxima de R$ 600 milhões e tem como meta alcançar 1 milhão de clientes e faturamento de US$ 1 bilhão até 2030.
Com uma base que inclui mais de 28.000 escritórios de contabilidade, a empresa se posiciona como referência em digitalização de PMEs, segmento ainda marcado pela baixa penetração tecnológica no Brasil.
A estratégia da companhia combina software de gestão com serviços financeiros integrados, como conta digital, antecipação de recebíveis e cartões, área que já responde por 7% da receita e deve chegar a até 30% até o fim da década.
Para o Partners Group, a tese de investimento se ancora na digitalização de PMEs e no potencial de embedded finance.
UME
Fintech de crédito ao consumidor que opera no modelo Buy Now, Pay Later (BNPL), a UME levantou US$ 21 milhões em rodada Série B.
O aporte foi co-liderado pelos fundos Valor Capital e Bewater e contou com a participação de PayPal Ventures, NFX, Globo Ventures, Canary e Big Bets.
Desde a Série A, em agosto de 2024, a startup triplicou o volume transacionado, dobrou a base de clientes e ultrapassou a marca de 1 milhão de operações. O GMV (volume bruto de mercadorias) anualizado supera R$ 500 milhões.
Segundo a empresa, os recursos serão usados para reforçar a infraestrutura tecnológica e ampliar o uso de inteligência artificial, além de expandir a oferta de canais de pagamento integrados, incluindo o Pix. A fintech também planeja ir além do varejo, buscando novas verticais de atuação.
Kamino
A Kamino, plataforma de gestão financeira voltada a médias empresas, captou R$ 54 milhões em rodada Seed liderada por Quona Capital e Flourish Ventures.
A solução integra desde contas a pagar e receber, conciliação bancária e cartões corporativos até dashboards com alertas preditivos. A companhia já atende mais de 400 empresas de médio porte, que somam cerca de 2.400 CNPJs ativos.
Com o novo capital, a Kamino vai investir em produtos para os CFOs. A proposta é oferecer visibilidade e controle em tempo real sobre o fluxo de caixa e ajudar executivos na tomada de decisões mais precisas. A startup, comandada pelo espanhol Gonzalo Parejo, prevê triplicar a receita em 2025.
wehandle
A wehandle, plataforma de gestão de terceiros com uso de inteligência artificial, anunciou uma rodada Seed de R$ 36 milhões liderada pelo Canary, com participação de ONEVC, Valutia, Blustone e Quartzo.
A startup automatiza processos de validação de documentação de prestadores terceirizados e já atende cerca de 350 empresas, incluindo nomes como Globo, Klabin, Unilever e Coca-Cola.
Fundada por Rodrigo Faustini, a Wehandle nasceu para resolver uma dor frequente em grandes companhias: a gestão de contratos e documentos de fornecedores.
A plataforma utiliza IA para reduzir tempo e custos com análises manuais, com atendimento do compliance regulatório.
Com o novo aporte, a empresa pretende expandir pela América Latina, a começar pelo pelo Chile.
A meta é encerrar 2025 com 120 mil CNPJs cadastrados — quase o triplo do ano anterior — e receita recorrente anual entre R$ 25 milhões e R$ 35 milhões.
Asaas
O Vivo Ventures, “braço” de corporate venture capital da Vivo, aportou R$ 35 milhões no Asaas, fintech de soluções financeiras para pequenas e médias empresas. É o maior do cheque do fundo desde o seu lançamento.
A parceria prevê a oferta de serviços da Vivo para os mais de 220.000 clientes do Asaas, especialmente em momentos de abertura de CNPJs, além da possibilidade de distribuir soluções da fintech para a base de 1,7 milhão de PMEs atendidas pela Vivo.
A transação foi viabilizada em rodada secundária, com a aquisição parcial de participação da Parallax.
O acordo vem em momento de expansão da Asaas, que captou R$ 820 milhões em uma Série C liderada pela BOND Capital no ano passado. A fintech também lançou seu terceiro FIDC, de R$ 100 milhões.
Fundado em Joinville há 15 anos pelos irmãos Piero e Diego Contezini, o Asaas acumula mais de R$ 1 bilhão em aportes.
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