Bloomberg Línea — O crescimento explosivo da inteligência artificial generativa fez surgir a ideia entre analistas de que poderá existir, em algum momento, uma companhia com o valor de mercado de US$ 1 bilhão comandada por uma só pessoa.
Nessa “one-person billion-dollar company”, como o termo ficou conhecido em inglês, a maioria das tarefas seria executada pelas ferramentas de IA.
A ideia pode parecer distante de se tornar realidade, mas algumas startups têm conseguido acelerar as suas receitas com os chamados agentes de IA. As mais proeminentes nasceram há menos de cinco anos, em média. Metade delas foram criadas nos últimos três anos.
Entre as startups que oferecem produtos de agentes de IA, a Cursor é uma das que mais tiveram crescimento de receitas. Com a sua plataforma editor de código com tecnologia de IA, a startup criada em 2022 tem US$ 500 milhões em receita anualizada (ARR). Cada funcionário gera US$ 3,2 milhões.
A Glean, unicórnio de IA para ambiente de trabalho no mercado desde 2019, e a Mercor, ferramenta de recrutamento de 2023, aparecem na sequência com US$ 100 milhões em receita, de acordo com dados da CB Insights.
O rápido crescimento desses negócios revela um alto grau de adoção dos agentes e também as áreas nas quais as empresas mais têm feito uso. Os produtos que mais geram receita miram setores com processos de trabalho intensivos, como codificação e fluxos de trabalho corporativos.
Startups de atendimento ao cliente com IA têm atraído valuations mais altos, com múltiplos de receita médios de 127 vezes — mais que o dobro da média das 20 maiores do segmento
Essa diferença, de acordo com a CB Insights, sinaliza a adesão dos investidores à tese de IA para atendimento ao cliente. Seja pela sua abrangência e aplicabilidade seja pela expectativa de que as companhias irão substituir equipes humanas por agentes de IA.
Se o ritmo será mantido, só o futuro dirá. Há cada vez mais entrantes na disputa - e as big techs também querem uma fatia deste mercado.
A projeção é de que o universo de agentes e copilotos corporativos movimente US$ 13 bilhões anuais até o fim de 2025. Em 2024, o montante ficou em US$ 5 bilhões.
Veja as principais rodadas da semana:
Busup
A Busup, startup de gestão de transporte corporativo, captou € 5 milhões (R$ 31,5 milhões) em rodada liderada pelo fundo espanhol Bonsai Partners, elevando para € 18 milhões o total já levantado com investidores desde a fundação.
Criada em Barcelona e presente em oito países, a Busup tem o Brasil como o seu principal mercado, responsável por 65% da receita global.
A empresa atende mais de 120 clientes, como Amazon, Mercado Livre, JBS e O Boticário, e transporta cerca de 76.000 passageiros por dia por meio de 2.400 rotas operadas por 170 parceiros.
A plataforma utiliza inteligência artificial e análise de dados para otimizar rotas, reduzir custos e oferecer previsibilidade operacional.
Com o novo aporte, a Busup pretende ampliar sua presença internacional e lançar novas frentes de negócio. A empresa projeta encerrar 2025 com faturamento de R$ 300 milhões, 50% acima do registrado no ano anterior.
PipeImob
A PipeImob, plataforma que digitaliza e integra o fluxo de compra, venda e aluguel de imóveis, captou R$ 15 milhões em uma rodada Seed liderada pela Headline, de Romero Rodrigues.
Os recursos serão usados para impulsionar a entrada no mercado de locação e administração de aluguéis e reforçar o desenvolvimento da vertical financeira da empresa.
Fundada por Roberto Nascimento (ex-Zap Imóveis), Renato Rodrigues e Danilo Herrero, a PipeImob combina gestão transacional (TRM – Transaction Relationship Management) e fintech integrada.
A proptech oferece assinatura eletrônica e emissão automática de certidões e matrículas até contas digitais, cobrança automatizada e antecipação de comissões via FIDC.
Em 2024, a plataforma processou R$ 16 bilhões em VGV e R$ 880 milhões em comissões. O modelo busca atender a um mercado de locação ainda fragmentado — mais de 95% do setor — com uma solução única para gestão de transações e finanças.
Leia também
Após iFood e Nomad, Patrick Sigrist tem novo alvo: mudar como se faz crédito no país
Olist compra fintech Flip e entra em crédito com captação de R$ 90 milhões
