Brasileiro ex-Apple capta US$ 14,5 mi para startup que audita modelos de IA

Openlayer, fundada no Vale do Silício por Gabriel Bayomi e dois sócios que trabalharam na fabricante do iPhone, fornece serviço de auditoria para sistemas de IA; aporte conta com participação da Wayra Brasil, do grupo Telefónica

Plataforma ajuda empresas que utilizam modelos próprios de IA na identificação de falhas (Foto: Bloomberg)
14 de Maio, 2025 | 01:27 PM

Bloomberg Línea — A Openlayer, startup fundada por ex-funcionários da Apple no Vale do Silício e especializada em auditoria e monitoramento de modelos de inteligência artificial, acaba de concluir uma rodada Série A no valor de US$ 14,5 milhões, liderada pela Race Capital.

Participaram também do aporte a NXTP, Mindset, Y Combinator e Quiet Capital. Além da Wayra Brasil, braço de venture capital focado em aportes de até R$ 2 milhões em startups em estágio inicial, e investidores-anjo.

PUBLICIDADE

A Openlayer é liderada pelo brasileiro Gabriel Bayomi, que co-fundou a startup com o indiano Rishab Ramanathan e o americano Vikas Nair.

Os três se conheceram na Apple, empresa em que participaram de um programa de desenvolvimento de de novas lideranças em inteligência artificial (IA) dentro da companhia.

Da experiência por diversas áreas de negócio, os três perceberam a ausência de ferramentas eficazes para garantir a qualidade e governança dos modelos de inteligência artificial antes de serem colocados em produção.

PUBLICIDADE

“Se até a Apple enfrentava esse desafio, imaginamos que o problema seria ainda mais amplo no mercado. Começamos a coletar relatos com colegas em startups e empresas mais avançadas e percebemos que a dor era muito grande e que não existiam plataformas fazendo isso”, disse Bayomi em entrevista à Bloomberg Línea.

Leia também: Como o Brasil se tornou o segundo mercado desta startup ucraniana de idiomas com IA

A Openlayer oferece uma plataforma que ajuda empresas que utilizam modelos próprios de IA generativa ou de machine learning a identificar falhas, viéses e inconsistências nos dados de entrada e saída desses sistemas.

PUBLICIDADE

Isso inclui desde garantir que chatbots não forneçam respostas ofensivas ou equivocadas, até assegurar que modelos antifraude operem com a mesma eficácia em diferentes regiões geográficas.

Segundo Bayomi, a empresa tem como principal base de clientes empresas nos Estados Unidos e no Brasil e está em expansão por outros países da região, com pilotos em andamento no México, Colômbia e Argentina.

Cerca de 70% da receita ainda vem do mercado norte-americano. O time está distribuído entre Brasil e os Estados Unidos.

PUBLICIDADE

Com os recursos recém-levantados, a Openlayer planeja crescer cinco vezes em receita em 2025.

A principal estratégia será escalar a equipe de go-to-market e substituir o modelo de vendas liderado pelos fundadores por um processo estruturado e replicável, mirando os mercados da América Latina, dos Estados Unidos e ainda de países da Europa.

Setores como bancos, fintechs, varejo e e-commerce — intensivos em dados e cada vez mais dependentes de decisões automatizadas — são os principais alvos da empresa, embora a plataforma tenha aplicação transversal.

“Não é uma questão de escolher setores, mas sim de onde faz mais sentido. Empresas mais maduras em dados tendem a nos procurar”, disse o CEO. A plataforma é usada por empresas como Birdie, eBay e a Hurb.

Apesar de não revelar o faturamento atual ou o número de clientes, Bayomi afirmou que a empresa tem crescido de forma sustentável. A startup, fundada em 2021, tinha captado a última rodada em 2023, quando levantou US$ 4,8 milhões.

No Brasil, a entrada da Wayra teve um componente estratégico para a Vivo.

Ivan Yoon, head de investimentos e portfólio da Wayra Brasil e da Vivo Ventures, disse que o investimento foi motivado pela demanda crescente dentro do próprio grupo Telefónica, que estava pensando em construir do zero uma plataforma para o monitoramento e a validação das IAs.

“Quando a gente entendeu que a solução da Openlayer resolvia exatamente a dor que estávamos começando a mapear internamente e de uma forma mais automatizada e organizada, fez todo o sentido avançar com o aporte”, disse.

Por ora, o uso da tecnologia será focado em aplicações internas da Vivo e de outras empresas do grupo Telefónica, especialmente nas áreas que utilizam intensivamente os modelos de linguagem natural e IA generativa.

Isso inclui a disponibilização para outros mercados como as operações do grupo em países como Espanha e Alemanha.

Leia também

CEO do Itaú aposta em agente de investimento com IA: jornada é de experimentação

Agentes de IA vão fazer tudo para nós muito em breve, diz CEO da CloudWalk

Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark