Isa Saúde capta R$ 160 mi para plano de ‘tornar o lar o melhor hospital que existe’

Fundada em 2019 pelos irmãos Fernando e David Pares, healthtech que atua no modelo de ‘hospital em casa’ atraiu o IFC, do Banco Mundial, e pretende acelerar expansão e ampliar a linha de cuidados, como em oncologia domiciliar

A área de saúde no Brasil tem atraído mais recursos de investidores para soluções com tecnologia e que tornem as operações mais eficientes (Foto: Andrew Harrer/Bloomberg)
28 de Outubro, 2025 | 10:51 AM

Bloomberg Línea — A Isa Saúde, startup que atua no modelo de “hospital em casa”, anunciou a captação de R$ 160 milhões (US$ 30 milhões) em uma rodada Série B liderada pela International Finance Corporation (IFC), braço de investimento do Banco Mundial.

A rodada também contou com a participação dos fundos IDB Lab, Dalus e Endeavor Catalyst, além dos investidores atuais.

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A captação é a maior registrada ao longo do ano em uma startup latino-americana na área de saúde, superando o aporte das também brasileiras Alice, de US$ 22 milhões, e da Arvo, de US$ 19,5 milhões.

Fundada em 2019 pelos irmãos Fernando Pares, economista, e David Pares, médico, a Isa Saúde começou com o nome Isa Lab, focada em exames laboratoriais domiciliares.

A trajetória de crescimento ganhou força após a aquisição da Saúde C em 2022, quando a empresa ampliou sua atuação para um modelo de cuidados complexos em casa, adotando o nome Isa Saúde.

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“Nós viemos evoluindo com serviços mais complexos em casa e deu muito certo”, afirmou Fernando Pares, CEO da Isa, à Bloomberg Línea.

“Oferecemos desde exame de sangue, com o qual começamos lá atrás, a pronto atendimento domiciliar - o que evita que o paciente vá ao pronto-socorro -, além de desospitalização, reabilitação, passando por infusões em casas e até cuidados paliativos. Estamos montando um hospital em casa.”

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No modelo de negócio, a startup oferece os seus serviços hoje para mais de 25 operadoras de saúde e conta com uma base superior a 4.000 profissionais para a prestação de serviços.

Por dia, são mais de 1.500 atendimentos distribuídos por mais de 60 cidades nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia, além do Distrito Federal.

Fernando e David Pares: nós temos olhado para algumas aquisições de empresas de home care tradicional. Entendemos que temos um caminho muito legal para pegarmos o lado bom que já está construído e conectá-lo com a nossa tecnologia

De acordo com o fundador, a conexão de ponta a ponta da tecnologia com operadoras, pacientes e profissionais da startup permite que os custos sejam equivalentes a algo entre 40% a 70% do que são praticados por modelos de home care tradicionais e a internação em hospitais.

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“Nós conseguimos dispor de muito mais dados de tudo o que acontece na casa do paciente e evitar muitas fraudes que existem no setor”, disse o CEO.

“A taxa média de reinternação no mercado de home care tradicional, por exemplo, chega a 11%; a Isa Saúde mantém esse índice abaixo de 2%.”

Nos últimos três anos, a startup registra uma taxa de CAGR (taxa de crescimento anual composta) de 98%, ou seja, praticamente dobra a receita a cada ano.

O crescimento combina a oferta de novos serviços para a mesma base e a entrada em novas operadoras. A ISA não abre os valores de receitas.

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Novos mercados e serviços

Com uma operação que é lucrativa desde 2024, a empresa pretende utilizar os novos recursos para acelerar a expansão da ISA: o plano é triplicar sua presença geográfica nos próximos anos.

O Rio de Janeiro será o primeiro novo estado adicional, com entrada prevista para o início de 2026.

A captação tem como destino principal a expansão orgânica, mas também contempla aquisições estratégicas para expandir a base de pacientes e fortalecer capacidades clínicas.

“Nós temos olhado para algumas aquisições de empresas de home care tradicional. Entendemos que temos um caminho para pegarmos o lado positivo do que já está construído e conectá-lo com a nossa tecnologia”, disse Fernando Pares, que prevê um anúncio de M&A no primeiro semestre de 2026.

O novo capital também será utilizado para ampliar as linhas de cuidado. Uma das novidades é a entrada no segmento de oncologia domiciliar, prevista para o primeiro trimestre.

“Nós não iremos acompanhar todas as patologias, mas, em muitos casos, o acompanhamento do paciente e até a quimioterapia pode ser feita em casa. Nos Estados Unidos ou em Israel, algumas quimioterapias para câncer de mama ou outros tipos de tratamento que são endovenosos ou subcutâneos já são feitos na casa dos pacientes”, disse David Pares, diretor médico da ISA Saúde.

A startup está em fase de montagem de uma equipe especializada com oncologistas para viabilizar o novo serviço. O tratamento será um passo a mais na estratégia ambiciosa dos irmãos Pares.

“O grande propósito é fazer do lar o melhor hospital do Brasil. Queremos ter mais leitos domiciliares do que os grandes hospitais têm”, disse Fernando.

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