Fintech Bull capta R$ 10 mi com Canary e Endeavor para avançar em consignado privado

Criada por fundadores da FortBrasil, startup mira R$ 10 bilhões em crédito consignado privado em cinco anos; FortBrasil foi vendida em 2023 para DM, uma empresa investida da Vinci Partners

Para a criação da Bull, os sócios se mudaram para São Paulo, que será a sede da operação, numa aproximação com a Faria Lima. (Foto: Victor Moriyama/Bloomberg)
13 de Outubro, 2025 | 09:00 AM

Bloomberg Línea — A Bull, fintech fundada pelos empreendedores por trás da FortBrasil, está entrando no mercado com aporte de R$ 10 milhões, em uma rodada Seed liderada pelo fundo Canary, com participação da Scale Up Ventures, da Endeavor.

O investimento inaugura a operação da startup, que pretende se posicionar como a “one-stop-shop” do crédito consignado privado no Brasil.

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A estimativa de grandes bancos é de que a nova modalidade, em vigor desde março passado e batizada de crédito ao trabalhador, tem o potencial de movimentar R$ 300 bilhões ao longo dos anos. Até meados de setembro, mais de R$ 50 bilhões em crédito tinha sido contratados por mais de 5,4 milhões de trabalhadores.

Com o aporte, a Bull pretende originar R$ 1 bilhão em crédito nos próximos 12 meses e R$ 10 bilhões em cinco anos, apoiando empresas que desejam lançar produtos de crédito sem precisar construir toda a infraestrutura por conta própria, no modelo de embedded finance.

Os recursos serão usados majoritariamente para o aprimoramento da plataforma, além de estratégia de go-to-market e gestão operacional.

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A startup entrega uma infraestrutura white label, que inclui os serviços de originação, análise de risco, operação, cobrança e estruturação de funding.

A Bull afirma contar com dois clientes operando e outros dois em fase de integração. “O pipeline está bastante aquecido. As empresas estão mais abertas ao consignado privado depois das mudanças regulatórias e da busca por novas receitas em um cenário de juros mais altos”, afirma Juliana Freitas, CEO e cofundadora da Bull.

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Com mais de 20 anos de experiência no mercado de crédito, Freitas e José Pires Neto, cofundador e COO da startup, apontam a agilidade para a implantação da tecnologia como um dos diferenciais do novo negócio.

“O lançamento de um produto de crédito tradicionalmente leva cerca de um ano e exige múltiplos parceiros e regulações. Nós reduzimos esse processo para poucas semanas por oferecemos uma plataforma modular”, diz Neto.

Juliana Freitas e José Pires Neto, sócios na Bull: pretende originar R$ 1 bilhão em crédito nos próximos 12 meses e R$ 10 bilhões em cinco anos

Além da camada tecnológica em si, os empreendedores apostam na experiência e na rede de networking para plugar os clientes com financiadores ou ajudar na captação de financiamento, como a emissão de FIDCs (Fundo de Investimento em Direitos Créditórios).

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Na FortBrasil, vendida integralmente em 2023 para DM, investida da Vinci Partners, Juliana e Neto concediam crédito às pessoas físicas, a partir da emissão de cartões private label de varejistas, com foco em clientes das classes C, D e C.

O negócio foi criado em Fortaleza, no Ceará, estado natal dos fundadores, e em 20 anos, atendeu mais de 2 milhões de clientes e movimentou R$ 20 bilhões em crédito, com uma base de clientes concentrada no Nordeste e Centro-Oeste, responsáveis por 80% da receita.

Para a criação da Bull, os sócios se mudaram para São Paulo, que será a sede da operação, numa aproximação com a Faria Lima. “Nós começamos por São Paulo, onde está parte importante do PIB, mas certamente teremos relações importantes com clientes do Nordeste”, diz Freitas. A startup nasce com um time de nove pessoas e deve encerrar o ano com cerca de 15 funcionários.

A Canary, que liderou a rodada, enxerga na Bull uma combinação “rara” de experiência de mercado e resiliência dos empreendedores com a oportunidade de mercado.

“Nós vemos muito valor nesta tese de servir ao mercado, com a proposta de trazer novas receitas usando os próprios canais, sem onerar nem do ponto de vista de custo nem de atenção. E isso combinado com a tendência de ter um crédito ao trabalhador mais livre, sem as barreiras do passado”, afirma Kristian Huber, sócio do Canary.

O plano da Bull é não ficar apenas no crédito consignado, e sim expandir para novas verticais nos próximos anos. Entre os caminhos, estão antecipação de recebíveis, duplicatas escriturais e crédito corporativo. A definição vai depender da demanda dos clientes.

“Neste primeiro momento aqui, estamos mais concentrados em entregar esse produto. Ele que vai nos possibilitar ganhar mercado, reputação para os clientes e conquistar ali a oportunidade de fazer novos produtos com isso”, afirma Pires Neto.

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