Bloomberg Línea — O mercado de edtech de cursos de idiomas desponta como um dos mais impactados pelo avanço da IA generativa nos últimos anos. A cada clique em redes sociais, anúncios com ofertas de cursos capazes de garantir o conhecimento e a fluência em poucos meses “saltam” nas telas de smartphones e notebook.
O próprio Duolingo, referência na área, anunciou avanços significativos ao conectar o seu personagem Duo a soluções de IA e lançar 148 cursos no intervalo de 12 meses.
Uma startup que também avança neste mercado é a ucraniana Promova, fundada em 2019 na capital Kiev. A startup faturou US$ 40 milhões no ano passado, com um ritmo de crescimento médio de 60% em cada um dos últimos quatro anos - e a expectativa é a de seguir na mesma toada em 2025.
A expansão acelerada a fez ser reconhecida como uma das “top” edtechs em ascensão no mundo, segundo ranking da Time Magazine, na oitava posição.
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O Brasil é o segundo maior mercado para a startup, com 1,2 milhão de usuários, atrás apenas dos Estados Unidos. E foi eleito como o seu principal foco de expansão neste ano. A startup quer quadruplicar o número de usuários no país e bater a marca de 5 milhões. Atualmente, a base global supera 20 milhões.
“O Brasil é um mercado muito interessante, com uma economia que está crescendo, com 80 % de penetração no mobile e um número baixo, entre 3,5 % e 5%, de pessoas que sabem ou podem falar apenas uma ou duas palavras em inglês”, afirmou Andrew Skrypnyk, CEO e fundador da plataforma.
A chegada ao Brasil
Skrypnyk veio ao país para participar do Web Summit Rio, realizado na última semana, e conversou com a Bloomberg Línea. A startup conta com dois funcionários no Brasil e pretende abrir um escritório em São Paulo nos próximos meses. No momento, está em negociação com hubs locais de inovação.
Além de Kiev, na Ucrânia, a Promova tem escritórios em Varsóvia (Polônia), Lisboa (Portugal), Nicósia (Chipre) e São Francisco (EUA).
Segundo o CEO, a inauguração do espaço no Brasil marca também uma virada na estratégia da startup, antes focada em uma abordagem global.
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Este é o primeiro ano em que a Promova decide centralizar os esforços em apenas um país, investindo para adequar os produtos e as estratégias de acordo com a demanda de cada região.
A plataforma oferece cursos em 12 idiomas, como inglês, espanhol, francês, alemão e mandarim e dispõe de ferramentas digitais, como lições autoguiadas no app, sessões ao vivo com professores certificados e clubes de conversação gratuitos.

A IA entra na personalização do processo de aprendizado e como assistente na conversação dos alunos, disponível em 4 idiomas e testado por 400 mil usuários.
“As pessoas podem até estudar inglês com um chatbot genérico, mas nós construímos uma experiência pensada para o aluno, com contextos específicos, como entrevistas, apresentações e situações do dia a dia”, afirmou Skrypnyk, ao buscar se diferenciar de uma concorrência cada vez mais acirrada.
“Nós somos a terceira geração do ensino de idiomas, após livros e apps genéricos, e focamos na hiper personalização, potencializada por IA e treinada com base em cenários reais”, disse o empreendedor.
O surgimento da Promova
Engenheiro de software, Skrypnyk criou a Promova após mais de uma década atuando na área de desenvolvimento de apps e sites para terceiros. Ainda em 2018, usou a metodologia que funciona como base da startup para aprimorar o próprio inglês.
Apesar do crescimento contínuo, a Promova não passou ilesa à guerra em seu país de origem desde os primeiros meses de 2022, quando a vizinha Rússia começou os ataques ao seu território.
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“A guerra mudou tudo e nos obrigou a acelerar nossa internacionalização. Muitas pessoas da operação deixaram o país”, contou. A sede da startup continua no país, que ainda mantém boa parte dos 200 funcionários.
O cenário, na perspectiva do fundador, impactou também o acesso a investimentos. “Nós não estávamos satisfeitos com o valuation que colocavam para a Promova por ser uma startup da Ucrânia. Quando se trata de uma empresa do Vale do Silício, os valuations partem de um patamar mais alto”, afirmou.
Até aqui, a startup não obteve captação junto a fundos de venture capital, quadro que pretende mudar ao longo dos próximos meses.
“Nós entendemos que algumas dessas coisas poderiam ser melhores também e nos últimos dois anos investimos muito em produto, retenção e escala. O Brasil se tornou o nosso segundo maior mercado e, com isso, estamos em uma posição de voltar a negociar uma captação novamente”, projetou o CEO.
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