Asaas capta R$ 100 milhões em novo FIDC e mira R$ 1 bilhão de receita em 2026

Operação vem após a fintech superar a marca de R$ 500 milhões em receita anual recorrente (ARR); o CFO João Possamai contou o racional da captação e os próximos passos à Bloomberg Línea

Escritório na nova sede da fintech Asaas na cidade de São Paulo (Foto: Divulgação)
19 de Agosto, 2025 | 07:01 AM

Bloomberg Línea — A startup catarinense Asaas, plataforma de soluções financeiras para pequenas e médias empresas, acaba de levantar o seu terceiro FIDC (Fundo de Investimento em Direito Creditório). O instrumento de financiamento, no valor de R$ 100 milhões, será usado para a antecipação de recebíveis de cartão de crédito.

A fintech foi fundada pelos irmãos Piero e Diego Contezini na cidade de Joinville, Santa Catarina, nos anos 2010. Conta com uma base atual com mais de 210 mil clientes, que usam produtos como conta digital, emissão de boletos e links de pagamento, cartões e soluções de gestão na condução dos negócios.

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A nova operação de financiamento foi concluída após a fintech superar a marca de R$ 500 milhões em receita anual recorrente (ARR).

O fundo, com emissão coordenada pelo Itaú BBA e com participação do Bradesco BBI, é gerido pela Kanastra e reforça novos caminhos de captação para a startup.

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“É muito mais uma estratégia de diversificação de funding tanto para reduzir custos como para garantir o recurso no momento que o nosso cliente precisa”, afirmou João Possamai, CFO da Asaas, à Bloomberg Línea.

“Em um evento de muita volatilidade de mercado, como já vimos, o que pode acontecer é que bancos e adquirentes segurem a antecipação por um ou dois dias. Queremos ter essa segurança de funding para o nosso cliente.”

De acordo com Possamai, o novo FIDC - o segundo focado em recebíveis de cartão de crédito - saiu a um custo “bem menor e bastante competitivo” na comparação com o primeiro, emitido em 2023 com CDI + 2,5% de juros.

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João Possamai, CFO da Asaas, disse que o novo FIDC - o segundo focado em recebíveis de cartão de crédito -, saiu a um custo “bem menor e bastante competitivo”

Além da estruturação do próprio FIDC, a fintech conta com o próprio balanço, além de bancos e adquirentes, como provedores de crédito. No ano passado, a Asaas antecipou R$ 2 bilhões.

A operação de crédito, iniciada em 2018, é a mais recente na história da Asaas e representa 15% da receita. A fintech foi criada com o objetivo de agilizar e facilitar a gestão de contas a receber de pequenas e médias empresas, para avançar em um segundo momento para a frente de pagamentos.

“O nosso foco está em automatizar processos que geralmente são burocráticos e que tomam muito tempo do gestor”, disse Possamai.

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“Isso acontece ao permitir que ele conecte, por exemplo, a nossa conta digital com esses processos automatizados e vários serviços ao redor disso.”

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A startup recebeu no ano passado US$ 150 milhões em uma Série C liderada pelo SoftBank e pela Bond Capital, considerada a maior rodada de equity de uma fintech na América Latina em 2024.

O valor, ainda preservado no caixa, vai fomentar três estratégias: capital regulatório, crescimento orgânico e aquisições.

“Nós montamos um time faz poucos meses e estamos avaliando bastante coisas no mercado, que levam tempo”, Possamai.

Nos últimos cinco anos, a startup adquiriu três negócios: a Base ERP e a Cade Money, em 2021, e a NexInvoice, de contas a pagar, em 2024.

A Asaas trabalha com a projeção de faturar mais de R$ 1 bilhão até 2026 e ultrapassar o montante de R$ 2 bilhões em 2027. São números que, na percepção de muitas startups, podem pavimentar o caminho para um potencial IPO (oferta pública inicial de ações) por volta de 2028.

Para alcançar as metas, a startup tem colocado em prática um plano mais robusto de comunicação, com patrocínios que vão do Masterchef ao Red Bull Bragantino, além de presença em aeroportos pelo país.

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Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark