Anvisa aprova prescrição do Mounjaro para tratamento de sobrepeso e obesidade

Caneta emagrecedora do laboratório americano Eli Lilly, que chegou às farmácias do Brasil no início de maio, era antes indicado apenas para pacientes com diabetes tipo 2

Eli Lilly & Co. Mounjaro brand tirzepatide medication. Photographer: George Frey/Bloomberg
09 de Junho, 2025 | 11:18 AM

Bloomberg Línea — A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso do Mounjaro (tirzepatida como princípio ativo) para o tratamento de sobrepeso na presença de pelo menos uma comorbidade e de obesidade, segundo comunicado divulgado nesta segunda-feira (9) pelo laboratório Eli Lilly.

O medicamento, que chegou às farmácias brasileiras no início de maio, tinha antes apenas a indicação para o tratamento de diabetes tipo 2. O Mounjaro disputa mercado com o Ozempic e o Wegovy, ambos da dinamarquesa Novo Nordisk.

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Essas canetas emagrecedoras tinham uso off label (sem prescrição médica) disseminado, gerando preocupação na comunidade médica devido aos riscos da automedicação e da falta de estoque para pacientes com diabetes.

Testes clínicos e pesquisas científicas acabaram comprovando que esses medicamentos também ajudam no controle do peso, um dos sintomas comuns entre pacientes com diabetes tipo 2.

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“A obesidade possui mais de 200 complicações associadas, incluindo um aumento no risco de diabetes tipo 2 em 243%; doenças cardíacas coronarianas, em 69%; e hipertensão, em 113%”, afirmou Luiz Magno, diretor sênior da área médica da Lilly do Brasil, em nota.

O especialista disse que 75% dos adultos brasileiros poderão ter obesidade ou sobrepeso em 20 anos, segundo projeção da WOF (World Obesity Federation).

“Novas opções de tratamento trazem mais oportunidades de tratamento para quem vive com obesidade e está à procura de melhores alternativas para controle de peso”, disse Magno.

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A obesidade é uma doença crônica que atinge mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, sendo 40 milhões delas só no Brasil, ou um em cada quatro adultos, segundo a Lilly.

O Mounjaro faz parte de uma nova classe terapêutica para o tratamento da obesidade, sendo - por ora - o único medicamento aprovado no Brasil e no mundo que atua nos chamados receptores de dois hormônios oriundos do intestino: o GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose) e o GLP-1 (peptídeo 1 semelhante ao glucagon) .

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Segundo o laboratório americano, a aprovação de Mounjaro foi baseada nos resultados do programa Surmount, um conjunto de sete estudos clínicos de fase 3 que recrutou mais de 20.000 pacientes em todo o mundo.

Uma das descobertas foi a de que cerca de 40% dos participantes que usaram Mounjaro perderam mais de 40% do peso corporal total, em comparação a 0,3% do grupo que tomou placebo.

Além da indicação para diabetes tipo 2, Mounjaro agora se torna uma opção para o tratamento do controle crônico do peso, em conjunto com atividade física e dieta de baixa caloria.

Nesse caso, para pacientes adultos com índice de massa corpórea (IMC) maior ou igual a 30 (obesidade), ou maior ou igual a 27 (sobrepeso) com pelo menos uma comorbidade associada ao peso, como hipertensão, colesterol alto ou pré-diabetes.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.